A travesti Estafane Bezerra, de 34 anos, denunciou no Facebook que sofreu uma abordagem policial violenta em Santo André, na região de São Paulo. De acordo com Bezerra, ela e outras travestis trabalhavam na noite de segunda-feira, 23 de julho, por volta das 23 horas quando foram abordadas. Os policiais atacaram as travestis com balas de borracha.
Estafane Bezerra contou para a revista Lado A que trabalha próximo da Avenida Industrial há 17 anos. Na noite de ontem, ela estava acompanhada de outras travestis que trabalham no mesmo local ou em ruas próximas. Bezerra contou que uma viatura policial da Força Tática de São Paulo se aproximou do local. Imediatamente, o policial que estava dirigindo parou próximo de Estafane e começou a disparar balas de borracha.
Estafane e outras travestis foram atingidas pelos tiros. Apesar de estar muito próxima da viatura, Bezerra contou que foi atingida apenas na perna. Já as outras travestis levaram mais tiros de bala de borracha porque a viatura seguiu em direção a elas apontando a arma. De acordo com Estefane, essa não foi a primeira vez que a polícia ataca as travestis. Ela contou que em outra ocasião ocorreram ataques durante o dia.
A travesti contou ainda que a Polícia Militar sempre esteve no local mas nunca atacou nenhuma das mulheres que trabalham ali. Além disso, ela afirmou que o local é frequentado por pessoas que podem atentar contra a segurança da população, mas que isso nunca gerou nenhuma represália. Pelo menos quatro travestis foram atingidas próximo de Estefane, mas na outra rua, mais pessoas receberam os tiros.
Denúncia
Apesar de não ter anotado a placa da viatura, Estefane contou que eram policiais da Força Tática. Ela chegou até essa conclusão pelas cores do carro, característicos dessa corporação. Além disso, Estefane contou que não conseguiram anotar a placa ou identificação da viatura. Isso porque a ação foi muito rápida e as travestis ficaram em choque.
A denúncia na polícia também não foi realizada por nenhuma das vítimas. Segundo Bezerra, não há apoio para a segurança das travestis que trabalham no local. Porém, há câmeras dos estabelecimentos próximos ao local cujas imagens poderão auxiliar nas investigações. Apesar de não denunciar o ocorrido para a polícia, inclusive por medo de represálias, Bezerra disse que entrará em contato com uma ONG LGBT+ em Santo André.