Em meio aos cinemas localizados em shoppings, uma lembrança do passado ainda vive no Centro de Curitiba. O Cine Morgenau, fundado em 1919, completou cem anos de funcionamento no dia 19 de agosto. As exibições atuais se concentram em filmes adultos, o que ainda atrai bastante público. Mas o Cine Morgenau guarda muitas histórias do seu tempo de auge na capital paranaense.
Junto com outros cinemas de rua, o Cine Morgenau exibiu milhares de filmes e recebeu muitos curitibanos de várias gerações. Sua fundação foi em 1919 por Bernando Quickstedt que usou o salão da Sociedade Morgenau para exibir as primeiras sessões. Com apenas algumas cadeiras no espaço improvisado, começava uma grande história do cinema curitibano.
Por mais de 10 anos o Cine Morgenau funcionou na Avenida Souza Naves, no bairro Cristo Rei. Depois, o cinema mudou para a Rua Schiller, no mesmo bairro. O local virou ponto de encontro da sociedade curitibana que considerava as sessões de filmes como eventos para os quais deviam estar bem vestidos. Os curitibanos usavam suas melhores roupas para frequentar o ponto de encontro da cidade.
Na época de 1980, o Cine Morgenau tinha uma sala específica para filmes adultos. Como outros cinemas desafiavam o estabelecimento pela concorrência, era preciso atrair o público. E assim fizeram, colocaram o filme “Garganta Profunda” na sala especial, ainda na década de 1980, o que foi sucesso de público.
Hoje, o Morgenau sobrevive em meios às diversas outras opções de entretenimento. Com os filmes cada vez mais à mão com as novas tecnologias, não é fácil manter o antigo empreendimento. Por outro lado, o valor histórico é alto e o atual responsável é Jorge Luiz de Souza Filho, que assumiu a direção do cinema ainda em meados de 1960.
Pornografia
O Centro de Curitiba possui vários cinemas de rua que sobrevivem da pornografia, entre eles, o cine Morgenau. Depois de seus tempos de glória no Cristo Rei, o empreendimento ficou por último localizado no Centro da cidade, na Rua Conselheiro Laurindo. Com capacidade para 90 pessoas, o público, em sua maioria masculino, frequenta os cinemas de rua não apenas para ver as exibições pornográficas.
Os locais se tornaram pontos de oferta de sexo pago. Ao comprar o ingresso e se acomodar em um dos lugares, logo aparece uma pessoa para “atender” ao seu cliente. Algumas mulheres trans também trabalham no local, onde precisam de “autorização” para tirar o seu sustento. O local também é frequentado por mulheres cis que na maioria das vezes também estão em busca de “clientes”. Já na ausência delas, os homens permitem uma “camaradagem” na hora da masturbação impulsionada pelo filme pornográfico, conforme relatou uma reportagem sobre os cinemas pornográficos de Curitiba da Revista Ideias.