A mais nova criação dos pesquisadores da Faculdade de Medicina da UFMG, junto com profissionais da USP e do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, representa um mecanismo importante para conscientização sobre HIV. Os pesquisadores criaram a Amanda Selfie, uma “robô trans” que interage com o público jovem.
Amanda Selfie representa uma imagem e linguagem muito semelhantes a de adolescentes dos dias atuais. Conectada com a tecnologia e internet, a robô possui até uma rede social. Além disso, ela foi projetada para conversar e interagir com jovens de forma descontraída. Por outro lado, sua atuação trata de um assunto muito sério, o HIV.
A principal função do robô é convencer pessoas portadoras de HIV a participar de uma pesquisa da UFMG. A universidade está recrutando pessoas com idades entre 15 a 19 anos para realizar testes com um medicamente que objetiva a prevenção do HIV. O tratamento da profilaxia Pré-Exposição (PrEP) já está disponível para pacientes acima de 18 anos através do Sistema Único de Saúde (SUS).
O objetivo da pesquisa da UFMG é analisar o uso do medicamento pelo público mais jovem e com idade até 19 anos, que se identifiquem como homens gays ou mulheres trans e travestis. O estudo pretende demonstrar quais seriam os efeitos do tratamento nesse grupo de análise. Além disso, assim como na criação da robô Amanda Selfie, o estudo tem a participação da UFBA e USP.
Dialeto LGBT+
Além de ser desenvolvida para ter uma linguagem acessível e compatível com a juventude, Amanda Selfie foi programada para dialogar principalmente com o público LGBT+. Por isso, seu vocabulário é composto por muitas gírias conhecidas em meio a essa comunidade. O pajubá, dialeto de origem iorubá, característica da cultura LGBT+, é marca registrada da “roboa”, no feminino, como Amanda Selfie é carinhosamente chamada por seus criadores.
A “roboa” irá interagir com o público online com orientações sobre prevenção de ISTs, sexo seguro, e convite à pesquisa e tratamento pelo SUS. O uso de uma linguagem inclusiva também chama a atenção por deixar o público mais à vontade. Muitas pessoas ainda não se sentem livres para falar sobre sexo, gênero, sexualidade e ISTs. Por isso, a programação descontraída da robô também configura uma estratégia para que a comunidade LGBT+ e portadores de HIV se sintam realmente acolhidos dentro de instituições e iniciativas de saúde.