Uma mulher trans de 31 anos que não foi identificada denunciou que foi vítima de tortura por parte de policiais no estado de Goiás. De acordo com a vítima, policiais a abordaram a mulher exigindo que ela confessasse a autoria de um crime. Ao se recusar, a mulher foi amarrada, torturada e ameaçada de morte no sábado, dia 31 de agosto.
Diante da denúncia, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) abriu um processo para investigar o caso. Assim, a OAB cobrará providências dos órgãos da Segurança Pública de Goiás e ao Comitê Estadual de Combate à Tortura. De acordo com o presidente da CDH, Roberto Serra, o caso tem motivação transfóbica e racista. A mulher que é trans e negra foi torturada pelo preconceito dos policiais, e não apenas por ser acusada de cometer um crime, relata o presidente.
Segundo o documento de denúncia, a vítima foi amarrada e torturada com espancamento, afogamento e estupro. A mulher, junto com outras pessoas, foi abordada em um shopping. Depois, foi levada à uma casa abandonada, onde começaram as torturas. A mulher trans denunciou estupro com um cabo de vassoura introduzido no ânus pelos policiais. Além disso, os algozes teriam ameaçado a vítima de morte em caso de denúncia das agressões. Essas informações fazem parte de um documento enviado à OAB, de autoria da advogada da vítima, Gislaine Carvalho.
Apesar de não portar nenhuma droga que a incriminasse, a mulher foi indiciada por tráfico de drogas. Durante as investigações, a polícia encontrou na casa da vítima a quantidade de 10 quilos de cocaína. A mulher confessou ser responsável pelas drogas. No entanto, sua prisão em flagrante foi convertida em preventiva pelo juiz João Divino Moreira Silvério. Já as agressões foram confirmadas pelo Instituto Médico Legal, o que vai auxiliar nas investigações.