Designer de moda cria marca de lingerie para trans em Madri

Silvia Matos é uma designer de moda de Madri que criou a Translingerie. Recentemente, suas peças foram lançadas em um primeiro desfile da marca realizado em um grande evento de moda na cidade espanhola.

A Translingerie é uma marca que contempla pessoas trans, criada com base nas necessidade da própria Silvia Matos. O objetivo é que as pessoas trans se sintam confortáveis no dia a dia com uma peça que se adapte às características do corpo trans. O recente lançamento é um sucesso e Silvia tem o apoio de seus modelos trans. Além disso, a estilista pretende expandir sua criação com novas coleções a cada seis meses.

De acordo com Silvia Matos, desde muito jovem ela sabia que era trans. “Uma garota presa no corpo de um homem”, afirma. Ao mesmo tempo em que concluiu sua graduação, passou pelo processo de transição. Ao perceber a dificuldade de se colocar no mercado de trabalho, inclusive por ser trans, decidiu fazer suas próprias peças.

Após se mudar para Madri, a estilista começou a pesquisar modelos de lingeries para pessoas trans, mas não encontrou. Percebeu então que não havia no mercado roupas íntimas para esse público e resolveu investir na ideia.

Assim, Silvia criou a Translingerie, lançando dois modelos de roupas íntimas. Uma delas é uma calcinha especial para esconder o pênis. Antes disso, Sivia e outras mulheres trans usavam meias, fitas e outro métodos agressivos para esconder o órgão. Já o outro modelo da estilista é destinado aos homens trans. A peça imita uma camisa que serve para esconder os seios dos homens que não fizeram a cirurgia de mastectomia, isto é, retirada das mamas.

Brasil

Apesar de a ideia de Silvia Matos ser considerada pioneira, na Zona Leste de São Paulo também foi criada uma roupa íntima para trans. A iniciativa é da ex-técnica em hemoterapia Sivana da Silva.

Durante seu trabalho em hospitais de São Paulo, Sivana percebeu a dificuldade de travestis e transexuais para esconder o órgão genital. Segundo Silva, muitas delas usavam fitas adesivas e ficavam boa parte do dia sem ir ao banheiro pois a fita sai mais facilmente com água. Assim, Silvana se sensibilizou e resolveu fazer algo para ajudar.

A empreendedora criou uma calcinha em formato de funil que facilitava a ocultação do órgão sexual e deixava muito mais prático na hora de urinar. No começo, poucos entenderam a ideia. Então, Silvia começou seu projeto com um pedaço de pano e linha que tinha em casa.

Outra dificuldade para continuar seu projeto foi encontrar costureiras para levar a ideia adiante. Segundo Silvana, muitas recusaram o trabalho ao saber a finalidade da calcinha. Já outras se afastaram ao saber que Silvana também é LGBT+.

Por fim, a empreendedora encontrou a designer de moda Renata Martins, que também é da Zona Leste de São Paulo. Renata abraçou a ideia por ser inédita e por ser uma boa causa. Assim, Silvana começou a vender as peças na internet. O sucesso foi tão grande que Silvana largou seus plantões nos hospitais em que trabalhava. Hoje, vive da venda de calcinhas para transexuais e travestis.

 

 

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa