A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) acaba de criar um aplicativo para ajudar na proteção da comunidade LGBT+. O mecanismo mapeia espaços considerados perigosos para essa população e emite alertas para o usuário. Além disso, a ferramenta disponibiliza botão do pânico que envia mensagens automáticas de socorro.
O aplicativo que ainda está em fase de testes se chamada Dandara. O nome é uma referência à travesti Dandara Kethlen, de 42 anos, que foi friamente assassinada no Ceará em 2017. O crime chocou a comunidade LGBT e entidades de direitos humanos devido a brutalidade. Dandara foi espancada e morta a tiros no meio da rua, em plena luz do dia, e sua tortura foi filmada pelos criminosos.
O aplicativo Dandara contará com a ajuda dos próprios usuários para criar sua rede de informações. Os internautas deverão apontar as zonas de risco e cadastrar cinco usuários para os quais deverá pedir ajuda em caso de situação de risco. Esses cinco cadastrados farão parte de um grupo de apoio com os contatos da Polícia Militar de cada região. Assim, se o usuário acionar o botão do pânico, as informações serão direcionadas aos cinco usuários cadastrados que deverão contatar a polícia. Além disso, o grupo de apoio terá informações sobre a delegacia mais próxima e outros telefones de resgate.
Situações homofóbicas que forem presenciadas por outras pessoas também deverão ser cadastradas. Assim, o aplicativo contará com o local do crime como um espaço de perigo, alertando os usuários. Desse modo, com as informações dos usuários e dados da Polícia Militar em ocorrências anteriores, será possível determinar quais são os espaços de risco.
O objetivo dos fundadores do aplicativo Dandara é buscar diminuir a violência e aumentar a vigilância para proteger as pessoas da comunidade LGBT+, principalmente em locais como avenidas que, durante a noite, são palco de ataques. Segundo a pesquisadora da Fiocruz Angélica Baptista da Silva, o objetivo é criar uma base de dados que contenha muitos detalhes, inclusive, o perfil de um agressor. Uma outra necessidade é de criar um mecanismo para contabilizar e registrar esses casos de violência, uma vez que esse trabalho é feito por organizações da sociedade civil, e não pelo Estado.
Lançamento
O aplicativo Dandara está programado para ser lançado no dia 18 de dezembro, no Centro de Estudos Miguel Murat de Vasconcellos, no Rio de Janeiro. No entanto, uma versão beta já está disponível na Play Store.
O aplicativo conta com parcerias como a Antra e a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos), que forneceram conteúdos e informação que serão divulgados no aplicativo.
Antes do lançamento, o Dandara passou por testes em Aracaju (SE), Uberlândia (MG), Brasília (DF), Belém (PA), Niterói (RJ), Salvador (BA), Francisco Morato (SP) e Rio de Janeiro (RJ) e alcançou 130 pessoas LGBTs.
Os recursos para a elaboração do Dandara foram de R$ 500 mil reais que permitiu um grupo com sete pesquisadores do Projeto Resistência. O valor foi angariado através de uma emenda parlamentar do ex-deputado Jean Wyllys (PSOL).