Bolsonaro é vítima de homofobia e sente na pele o preconceito

Como diria a ex presidente Dilma, “o mundo não dá volta, ele capota”. Neste final de semana, o presidente Jair Bolsonaro foi chamado de “noivinha do Aristides” e mandou prender a mulher que o chamou assim. A internet pirou e um senador chegou a insinuar que o presidente tinha uma relação mais do que carinhosa com seu ex professor de judô nos tempos em que era militar.

Jamais pensei que defenderia Bolsonaro em algum texto no meu blog, mas desta vez o ódio foi longe demais. Não podemos reproduzir a homofobia como justificativa. Obviamente é estranho uma pessoa que é xingada de todo tipo de nomes, até comparado ao capeta, se incomodar quando uma motorista usa de homofobia e mandar prendê-la por injúria contra o presidente. Principalmente quando esta pessoa é conhecidamente homofóbica e dizia que a lei que protegeria homossexuais era um “tratamento especial”. Pois bem, Bolsonaro foi vítima de homofobia, apesar do B.O. não dizer nem o apelido e nem classificar o ato como injúria homofóbica.

O fato ocorreu no último domingo, após o presidente visitar a Academia das Agulhas Negras, onde foi cadete do Exército, em Resende – RJ. Bolsonaro era saudado e hostilizado por pessoas que passavam na Via Dutra quando ouviu o termo e, imediatamente, mandou a Polícia Rodoviária Federal deter a mulher de 40 anos. A internet logo passou a replicar o termo que tirou o presidente do sério e “Aristides” virou trend topic mundial. Fotos falsas do presidente e memes começaram a surgir e as pessoas a tirarem sarro da suposta relação homoafetiva.

Alguns dizem que a reação do presidente foi exagerada, outros que há algum segredo aí escondido. Ora, a sexualidade é de foro íntimo e a ofensa também. A conotação dada ao termo “noivinha do Aristides” é altamente homofóbica e machista. Parece irônico e infantil como a expressão “mulher do padre”, que tanto reproduzimos na infância e que hoje sabemos o quanto isso escondia o abuso e da pedofilia hoje desmascarada. Mas a homofobia machuca, causa mortes e isso não mudou hoje. Sabemos que a lembrança não agradou o presidente e por mais que não gostemos dele (falo por mim), usar de homofobia não é o caminho para atingi-lo.

Pessoalmente, e vou repetir isso, acredito que as pessoas fazem o melhor delas, que é o que elas têm a oferecer. Ás vezes, nos frustramos com amigos, parentes, com o presidente, mas, acredite, as pessoas sempre estão dando o melhor delas e no melhor das intenções. Julgar é fácil, mas calçar os sapatos do outro ninguém quer. Que o presidente aprenda mais sobre homofobia e que todos aprendam que se alguém vive ou viveu uma relação homossexual, isso não é motivo de depreciação de ninguém.

Se a homofobia tirou do sério um presidente, imagine o que uma criança ou adolescente sente quando é vítima do bullying homofóbico. Não, não podemos naturalizar ou reproduzir isso.

 

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa