Recentemente houve um aumento de casos de infecção pela doença conhecida como varíola dos macacos em países como Bélgica, Reino Unido, Inglaterra, Espanha, Portugal e outros países do Ocidente. Ao todo, mais de 200 pessoas já foram diagnosticadas com a doença. A varíola dos macacos foi descoberta em um macaco na Dinamarca em 1958, já em seres humanos o vírus foi detectado em 1970 na República Democrática do Congo.
Segundo especialistas da OMS (Organização Mundial da Saúde) a doença pode ser controlada, tanto que, desde sua descoberta os casos de infecção foram poucos e esporádicos. No entanto, ultimamente, os casos da doença aumentaram e teriam ressurgido principalmente entre homens homossexuais e bissexuais. As primeiras vítimas da doença foram identificadas como homens gays e bissexuais na Inglaterra e em Portugal.
Embora os cientistas ainda estejam estudando a possibilidade de transmissão da doença através de relações sexuais, o presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia, Vitor Duque, considera que a varíola dos macacos pode ser a nova “epidemia gay”. A Agência Britânica de Vigilância Sanitária também detectou que a maioria dos casos se deram entre homossexuais e bissexuais, no entanto, a instituição não destacou essa característica das vítimas para evitar estereótipos. Diante das declarações de Duque, especialistas da OMS alertaram para a possibilidade de estigmatização da comunidade de gays e homossexuais sobre a doença, que pode ser transmitida para qualquer pessoa.
A varíola dos macacos gera lesões na pele do paciente que podem se agravar com o tempo, principalmente entre os mais jovens. A aparência das feridas é de catapora, mas pode deixar sequelas e cicatrizes nas vítimas. A transmissão se dá por meio de animais infectados como roedores, os próprios macacos; o contato com roupas de pessoas infectadas, lesões da pele, sangue e fluidos também pode ser uma forma de transmissão. Já a chamada contaminação secundária se dá pelo contato com sangue, saliva, feridas da pele, tosse e espirro.
Estigmatização
Embora especialistas ainda não tenham confirmado que a varíola dos macacos se espalha mais entre homossexuais do que na população em geral, assim como não é consenso entre os cientistas de que a doença é sexualmente transmissível, autoridades temem pela estigmatização dos gays diante dos casos de infecção.
Segundo Matthew Kavanagh, vice-diretor do Unaids, associar a infecção da varíola dos macacos exclusivamente aos gays e bissexuais pode, além de gerar represálias contra essa comunidade, prejudicar a resposta do restante da população ao alerta sobre a doença. Além disso, Matthew compara a atual estigmatização dos gays diante do vírus com a epidemia de HIV nos anos de 1980, quando os gays eram os maiores hostilizados e até culpabilizados pela transmissão de uma doença que, assim como a varíola dos macacos, pode ser transmitida por qualquer pessoa.