O HTLV (human T-cell lymphotropic vírus), apesar de pouco conhecido no Brasil, faz do país um dos campeões mundiais de infecções, alcançando mais de 800 mil pessoas, segundo dados do Jornal da USP (Universidade de São Paulo), instituição que estuda o vírus no Brasil. De acordo com o levantamento, os estados do Maranhão, Pernambuco e Bahia são os mais afetados pela contaminação da doença. O HTLV é considerado semelhante ao HIV devido aos sintomas e formas de transmissão.
O vírus foi descoberto em 1980 pelo pesquisador americano Robert Gallo, quando ele buscava, em suas pesquisas, informações sobre o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). No entanto as pesquisas sobre o HTLV não avançaram com tanto afinco, pois a comunidade pesquisadora estava com suas atenções voltadas para pesquisas sobre HIV, devido à epidemia da doença na época. Porém, após a descoberta do vírus, ficou determinado o dia 10 de novembro como o Dia Mundial de Conscientização do HTLV. Somente a partir de 1993 que os bancos de sangue começaram a fazer testagem das amostras sanguíneas para a doença, porém, se detectado o vírus, o doador não era encaminhado diretamente para um tratamento adequado devido à ausência de estudos sobre a infecção.
Apesar de silenciosa, a doença apresenta alguns sintomas leves. Dores nas pernas, câimbras, dificuldade de locomoção, depressão, disfunção urinária e sexual, entre outros sintomas. Após a infecção, muitos pacientes ficam assintomáticos e levam até uma vida inteira para descobrir o vírus. Mesmo com os sintomas, os médicos fazem exames que não detectam o HTLV, pois é necessário um exame específico de sorologia para detectar a doença.
Silencioso, o HTLV permanece no organismo por décadas e somente no fim desse período pode apresentar sintomas mais graves. Alguns deles levam o paciente a perder os movimentos das pernas. O HTLV age infectando os linfócitos T CD4+, que são células do sistema imunológico. Com o tempo, o organismo fica suscetível à doenças e, sem tratamento adequado, pode levar o paciente à morte.
Transmissão e tratamento
A forma de transmissão do HTLV é muito parecida com a do HIV. Uma delas é a transmissão sexual, ou seja, no sexo sem preservativo. Já outra forma de contágio é chamada de parental, isto é, por transfusão de sangue ou compartilhamento de seringas e agulhas, inclusive por usuários de drogas injetáveis. Por fim, outra forma de transmissão do HTLV é chamada de vertical, o que significa que o aleitamento materno, a gestação e o parto podem transmitir a doença da mãe para o bebê.
Como a doença, em sua maioria, é assintomática, o tratamento não recebe sua devida atenção. A imunidade baixa causada pela doença que pode levar o paciente à lesões mais graves sequer aparece na lista de doenças da Organização Mundial de Saúde. A infecção por HTLV não tem cura e não há tratamento específico para a doença. Portanto, o paciente infectado deve ser acompanhado pelo serviço de saúde que poderá diagnosticar e tratar doenças decorrentes da infecção por HTLV.