Mais uma vez o assunto sobre “ideologia de gênero” voltou à tona na conservadora política do Paraná. O uso do banheiro por alunos transexuais é nova pauta de votação por deputados paranaenses na Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (25). Ao todo o pacote de normas reúne dez projetos, considerados conservadores.
Recentemente, em Maringá, uma aluna foi agredida dentro do banheiro da escola por se incomodar com um indivíduo do sexo masculino, que disse se identificar como mulher, usando o banheiro feminino. A estudante protestou contra a presença da transexual que lhe desferiu diversos golpes. Agora, as alunas temem que outros indivíduos do sexo masculino invadam seus espaços.
Os palpites de autoridades políticas conservadoras sobre o assunto era questão de tempo. Devido às novas definições de auto identificação de gênero, abriu-se uma brecha para que os espaços antes restritos ao sexo biológico fossem frequentados sem nenhum critério. O banheiro feminino é um espaço conquistado arduamente, justamente por causa da violência masculina. Agora, ativistas defendem que indivíduos do sexo masculino utilizem os espaços destinados às mulheres apenas sob a afirmação de identidade feminina. Diante desse contexto, conservadores aproveitam para discutir de forma distorcida o assunto, desconsiderando que, de fato, o uso do banheiro é um assunto delicado para pessoas trans.
O novo projeto foi formalizado pelo deputado Homero Marchese, em 12 de julho. O parlamentar defende a expressa divisão do banheiro nas instituições de ensino públicas com base no sexo biológico. De acordo com Homero, é preciso evitar que homens utilizem os mesmos espaços íntimos e privados das alunas. Por outro lado, as novas normas sugerem que o usuário que não se identifica com o banheiro destinado a determinado sexo, possa usar um outro local projetado para qualquer estudante.
O deputado Marchese afirmou ainda que acredita que os familiares dessas alunas serão favoráveis ao projeto. Da mesma forma, o deputado disse que o assunto compete à sociedade paranaense, que a seu ver é conservadora e seguiddora de valores cristãos.. O parlamentar afirmou também que esses assuntos possuem muitos obstáculos para avançar na Assembleia, uma vez que os trâmites mais discutidos sempre são sobre outros projetos. Por isso, Marchese e mais 21 deputados se reuniram para criar o pacote com 10 projetos a serem votados hoje. Se aprovados, os projetos poderão tramitar em regime de urgência.
Trans no esporte e ideologia de gênero
Um dos projetos do “pacote conservador” versa sobre atletas trans. Recentemente surgiu mais uma discussão sobre o compartilhamento de espaços separados por sexo. O projeto 245/2019, do deputado Coronel Lee e Alexandre Amaro estabelece o sexo biológico como único critério para distinção das categorias feminino e masculino nas competições de esporte do Paraná. A alegação dos parlamentares é de que a estrutura óssea e elementos biológicos em pessoas trans não mudam com a administração de medicamentos hormonais.
Já o projeto 719/2021 do deputado Ricardo Arruda, proíbe a “ideologia de gênero” nas escolas públicas e privadas no Paraná. O projeto ainda versa sobre a linguagem neutra, proibindo seu uso nas escolas e instituições públicas do Paraná, afim de respeitar as regras gramaticais da Língua Portuguesa.