Um estudo apresentado em Barcelona no encontro anual da Sociedade Européia de Endocrinologia, em 21 de maio, indicou que a identidade de gênero pode ser identificada desde a infância. A pesquisa foi realizada pela Dra. Julie Bakker, da Universidade de Liège, na Bélgica. O estudo também contou com o apoio do Centro de Especialização em Disforia de Gênero da University Medical Center, na Holanda.
A pesquisa foi intitulada “Estrutura do cérebro e função na disforia de gênero”. Seu objetivo foi sustentar cientificamente que o gênero está na atividade cerebral desde a infância. A devida atenção às questões sobre transição de gênero é urgente para não acarretar em problemas psicológicos graves.
O processo do experimento consistiu em análises cerebrais de jovens transgêneros. Adolescentes foram submetidos a exames de ressonância magnética para avaliar suas reações em relação à elementos específicos de um gênero. Os meninos e meninas avaliados sofriam de disforia de gênero. Esse fenômeno causa incômodo psicológico no processo de identificação com o outro gênero.
A resposta cerebral das pessoas analisadas configuraram afinidade com o cérebro de pessoas cisgênero, que não são trans. Isso significa que o comportamento do cérebro dos adolescentes se assemelhou aos de indivíduos que possuem o gênero com que se identificam. Até mesmo elementos da estrutura cerebral, como massa cinzenta, são característicos de um determinado gênero, independente do sexo biológico.
Próximo passo
Segundo Bakker, o próximo passo será aprofundar a pesquisa. A cientista irá investigar o comportamento hormonal durante a puberdade. O objetivo é encontrar alternativas de retardo da puberdade para que a pessoa transexual possa começar a transição em idade mais avançada.
Julie Backer considerou que estudos como os seus são muito importantes para a comunidade trans. Os adolescentes transexuais são submetidos a tratamentos psicológicos que não condizem com a forma correta de lidar com a transexualidade. Futuramente, pesquisas como a de Backer ajudarão a esclarecer os processos de transição de gênero.