Nesta quarta-feira, uma ameaça de atentado à UFPR trouxe pânico entre estudantes e funcionários da instituição. Uma postagem feita no dia 5 na deepweb mostra uma rapaz armado fazendo ameaças a mulheres, negros e portadores de HIV. Com linguagem ameaçadora, a postagem diz que o alvo será a Universidade Federal do Paraná e exibe um mapa do campus Politécnico, no Jardim Botânico. A UFPR emitiu nota afirmando que já notificou as autoridades de segurança responsáveis.
Todos os anos, neonazistas de todo o mundo se reúnem no mês de abril, que reúne as datas de nascimento (20) e morte (30) de Adolf Hitler. Neste período há grande apelo para atos heroicos, homenagens e criação de fakenews para levar à mídia a existência destes grupos. A ameaça de atentado ao campus da Universidade Federal do Paraná entra para mais uma possível ameaça destes grupos, já que traz a assinatura 14/88 em seu final.
Os números se referem à cultura neonazista diretamente, usada amplamente por skinheads nacionalistas brancos. O número 14 faz referência ao lema das 14 palavras: “We must secure the existence of our people and a future for white children” (“Devemos assegurar a existência de nosso povo e um futuro para as Crianças Brancas”), atribuída a George Lincoln Rockwell, fundador do Partido Nazista dos EUA. O número 8 corresponde à oitava letra do alfabeto, e “HH” significa “Heil Hitler”, forma de saudação nazista usada durante o terceiro Reich.
Estes grupos são velhos conhecidos da polícia e atuam há décadas por todo o Brasil, principalmente no Sul. Em Curitiba já tivemos a prisão de onze deles em 2005, após uma série de atentados contra minorias. Em 2009, um casal de neonazistas foi morto após a disputa pela liderança do clã local. Nos últimos anos tivemos diversas brigas entre eles e os punks que culminaram em mortes e mais prisões. No mês passado, um rapaz de 22 anos foi preso em Ponta Grossa por porte de material alusivo ao Nazismo.
Política
Estes grupos se identificam com o discurso do atual presidente. Mais uma prova de que o Nazismo nunca foi um movimento ideológico de esquerda. Estes grupos estão se sentindo fortalecidos na atual conjuntura e podem ganhar força nos próximos anos se nada for feito. Em 2011, grupos de neonazistas paulistas fizeram um ato público já enaltecendo um dia Bolsonaro como presidente. Bolsonaro, inclusive, já tirou fotos com um líder neonazista e Cosplay de Hitler.
Os neonazistas de hoje, e muitos skinheads neonazistas, não ostentam mais a cabeça raspada, ou tatuagens com suásticas. Vivem a idolatria muitas vezes de forma discreta e internalizada. Não pregam mais o racismo ou a homofobia, mas continuam cheios de ódio e ainda mais confortáveis.