“Vocês não estão sozinhos”, disse o policial civil Paulo Vaz, 33 anos, em apoio ao policial militar Gay Leandro Prior, ameaçado após beijar outro policial em público. A declaração de Vaz também se dirigiu aos demais LGBTs que fazem parte das corporações da Segurança Pública. O policial civil é um homem transexual e gay que trabalha na Delegacia de Imbiúna, no interior de São Paulo.
Paulo Vaz demonstrou seu apoio através de uma postagem no Instagram. O investigador se referiu a aceitação que recebeu em sua corporação desde que começou a atuar na Polícia Civil. Surpreso pelas ameaças que o policial militar Leandro Prior recebeu, Vaz resolveu se posicionar. Segundo ele, é necessário “levantar a bandeira” para combater o preconceito nas instituições.
“Vendo seu depoimento e a falta de apoio mesmo com tantos colegas de profissão que vivem a mesma situação mas nada dizem pelo mesmo medo que atinge todos nós, pensei muito e cheguei a conclusão de que não posso me calar ou me omitir. Não quero. Porque se fosse comigo (ou qualquer outro), eu também me sentiria ajudado e fortalecido com esta demonstração.”, publicou.
Paulo Vaz passou pela transição de gênero após entrar para a Polícia Civil. O policial declarou em entrevista ao G1 que desde criança não se sentia como uma mulher, mas não conhecia nada sobre transgeneridade. Foi então que na fase adulta recebeu todo o apoio da família e comunidade LGBT para começar seu processo de transição. Vaz namora desde abril deste ano o Youtuber Pedro HMC, do canal Põe na Roda.
Leandro Prior
No dia 29 de junho o policial militar Leandro Prior, de 27 anos, pediu para ser afastado de suas funções. Devido ao vídeo em que aparece beijando outro policial, Prior começou a sofrer uma verdadeira perseguição. A gravação foi feita sem autorização dentro de um metrô em São Paulo e rapidamente viralizou nas redes sociais.
Prior recebeu inúmeras ameaças homofóbicas depois que o vídeo foi veiculado. Muito abalado e temendo por sua segurança, o policial foi internado em um hospital da Polícia Militar enquanto as investigações buscavam a origem dos comentários e do vídeo.
Algumas suspeitas recaíram em outros policiais que estariam veiculando comentários homofóbicos. Para José Beraldo, advogado de Leandro, o beijo no metrô não compromete o trabalho do PM e qualquer manifestação contra o ato configura homofobia. Beraldo disse ainda que se trata apenas de um selinho e não foi manifestado nenhum gesto inadequado. A Policia Militar também disponibilizou uma equipe para cuidar da segurança de Leandro.