Médico paranaense é preso por desvio de medicamentos

Redação Lado A 09 de Dezembro, 2005 10h26m

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Médico paranaense é preso em SP



“Sou inocente. Acredito em Olorum, meu Deus. Frente às arbitrariedades a mim impostas, solicito aos meus pacientes beneficiados pelas minhas ações, que se manifestem perante a justiça e a imprensa, se puderem. Informo que respondo a essas mesmas arbitrariedades estando em greve de fome, até que a justiça seja de fato estabelecida”, essas são as palavras do médico nascido em Londrina e formado pela UEL, Romeu Bruno Mendes Molinari, 38, conhecido como Bruno Molinari. O apelo foi escrito em seu site, transcrito de um pedaço de papel, rascunhado pelo médico, detido desde o dia 31 de novembro e que permanece em greve de fome. Foi preso sob a acusação de desviar medicamentos gratuitos do tratamento de aids para pacientes particulares.


 


Molinari é um jovem e proeminente médico que fez clínica no hospital dos servidores em SP, foi professor em quatro universidades, entre elas a Universidade Federal da Bahia. É membro de diversas instituições como a Federação Internacional de Medicina Esportiva; do Conselho Editorial da Revista Médica Especializada Brasileira; American College Of Medicine; E autor dos livros “Avaliação Médica para Atletas” e “Manual de Sobrevivência Para Adolescentes” – o último considerado um best seller; Foi membro do Comitê Olímpico Brasileiro, consultor das revistas como a Boa Forma, Corpo a Corpo e Marie Claire;  Ex-consultor do Centro Cultural Banco do Brasil; Além do belo currículo, Molinari é conhecido no meio homossexual por atender esse público, tanto na parte estética quanto como clínico geral. Muitos homossexuais o procuram por terem medo de serem mau entendidos ou sofrerem discriminação dos outros médicos. O preconceito é um fato comum na medicina brasileira.


 


Fantástico – escândalo 1


No dia 27 passado, o dominical Fantástico denunciou a morte da advogada Silvana Turine Augusto, 37 anos, que se submeteu ao procedimento polêmico chamado de hidrolipoaspiração, realizada sob anestesia local, para retirar um excesso de gordura na região abdominal. Durante o processo, a paciente teve crises convulsivas e foi levada para o hospital no carro do médico. A paciente  faleceu. O hospital alega que ela chegou morta, enquanto a clínica de Molinari afirma que ela deu entrada no pronto-socorro com vida. A clínica do médico Bruno Molinari foi interditada pela Vigilância Sanitária. E a morte de Silvana virou caso de polícia.


 


 


171 – polêmica 2


O médico Bruno Molinari foi preso em flagrante em sua clínica de estética próxima a Avenida Paulista, sob acusação de estelionato e falsidade ideológica. Segundo a polícia, ele desviava medicamentos gratuitos do SUS, o que é crime inafiançável. Em seguida, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo interditou o registro do profissional. Segundo a advogada do médico, Ludimila de Vasconcelos Leite Groch, os medicamentos localizados pela polícia são usados no tratamento de pacientes soropositivos, que preferem deixar os materiais na clínica e não existe a revenda.


 


A imprensa deu o impulso para as duas polêmicas. Antes mesmo de um julgamento, ou sem direito a defesa, o CRM de SP suspendeu o registro do médico. A polícia parece reagir a uma denúncia feita pela mídia, motivada após a morte de uma paciente, que segundo a família, tomava medicamentos para emagrecer e ocultou o fato do profissional. No Orkut (grupos virtuais), surgem comunidades como “Pena de Morte para o Dr. Bruno” ou “Dr. Bruno Molinari – FDP”, além  da extinta comunidade “Erros do Dr. Bruno”, que quadruplicou de participantes após a exibição na Globo.


 


Na verdade, essa história tem como pano de fundo uma discussão antiga, entre os profissionais especializados em cirurgia plástica e os médicos de outras áreas. O código médico brasileiro permite qualquer formado e registrado a realizar  procedimentos, sem restrições, desde que se responsabilize por suas ações. O médico Molinari chamou atenção demais nesse ponto, escrevendo em revistas famosas, abrindo consultórios em Salvador, São Paulo e preparava-se para entrar no Rio de Janeiro. Agora, está pagando, sendo alvo de seu próprio sucesso e obviamente, de seus erros.

Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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