Estereotipados pela televisão

Redação Lado A 15 de Maio, 2006 16h55m

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Já percebeu que a forma com que a mídia retrata o homossexual é um mau estereótipo para a imagem gay perante a sociedade? Além de não dar bom retorno aos homossexuais, agrava ainda mais a homofobia no país.


 


Quem ainda não viu o rapaz franzino, com gesticulações afeminadas, voz pouco viril e sempre armado com uma faca virando alvo de chacota entre homens heterossexuais? Apesar de o passar dos anos e das lutas contra essa realidade, é dessa forma com que a sociedade quer ver o homossexual. Pois, Patrick nada mais é do que um verdadeiro estereótipo generalizando o gay no Brasil.


 


Mas, ele não é o único. Outro que contribui com tudo isso é o personagem Jeca Gay, da Praça é Nossa exibida pelo SBT. Um rapaz afeminado, ingênuo, vestido de forma duvidosa, nome pejorativo, sobrenome revelador e ,ocasionado por sua inocência, sempre explorado por um “amigo”. E como se não bastasse, ignorante. Como podemos perceber com as freqüentes cartas que o apresentador Carlos Alberto de Nóbrega escreve, em nome do personagem, com duplo sentido. Definitivamente, a imagem do gay na televisão brasileira é totalmente deturpada. E ao invés de criticar e ir contra o preconceito só serve para reforçar o sentimento homofóbico da população.


 


Os que “salvam” ,dando um ar de esperança, são a drag Nany People, o atual repórter Jean Willis e o Junior da antiga novela América, este interpretado por Bruno Gagliasso. Nany mostra a alegria das drags, a coragem de um travesti se assumir e não temer o preconceito que certamente virá. Jean Willis representa o gay intelectual, discreto e integrado na sociedade. Por sua vez, o personagem Junior inicialmente não assumia sua sexualidade. Com o passar do tempo o jovem foi se descobrindo, conhecendo suas certezas e no final teve a coragem de revelar o que havia em seu interior. O que acontece muito; o gay não assumir por medo da reação da família e da sociedade.


 


Porém, o que deixou a desejar foi a falta de ousadia, ou coragem, de levar a diante a proposta e concretizar a história do rapaz selando com um beijo no final. Beijo que foi censurado pela emissora por motivos irrelevantes, mas extremamente preconceituosos e hipócritas.


 


Contudo, não devemos confundir. A televisão brasileira não está nos ajudando com esses personagens. Uma vez que nos expõem ao ridículo perante a sociedade. As mensagens transmitidas por “Jecas Gays” e “Patricks” sugere que somos vulneráveis a piadinhas infames, e a faca deste nos marginaliza.


 


Para finalizar, não quero generalizar a categoria televisiva. Simpatizo muito com os apresentadores Otávio Mesquita, do A Noite É Uma Criança, e Adriane Galisteu, do Charme. Acredito que eles são um bom exemplo, pois, tratam a homossexualidade com naturalidade, alegria e, acima de tudo, com respeito.


 


PS: Mandem seus comentários e críticas para meu e-mail: fernandoctba@hotmail.com


 


Hasta luego muchachos y muchachas.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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