Um gay que ama mulheres

Redação Lado A 21 de Julho, 2006 03h53m

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Antes que meu namorado tenha um infarto e meu pai solte foguetes, não deixei de ser gay. Mas posso estar virando um pouco lésbico. É que, aos meus 26 anos, descobri que amo as representantes do sexo oposto. Principalmente as lésbicas.


Não é nenhum complexo de Édipo mal resolvido e muito menos vontade de virar mulher (sai fora!). Essa minha suspeita era de longa data e não tem nada de sexual. Dentro do movimento social e da política eu já vinha me identificando com as chamadas mulheres guerreiras. Administro uma página na internet com diversos colunistas. Entre todos, as lésbicas são as mais pontuais, que se dedicam com mais amor, que não vacilam. Mas o motivo dessa paixão exagerada foi quando uma das colunistas, a Marlee, mandou esta semana um texto já revisado, claro, por outra moça. Achei do “caramba” tal colaboração, cooperativismo, iniciativa. Só poderia vir de uma mulher.


Fico pensando como elas administrariam melhor, teriam mais sensibilidade! Não votarei na Heloísa Helena, se é que o leitor desconfiou que esse seria o meu discurso. Aliás, Heloísa talvez seja muito parecida com o perfil da “lésbica que faz” mas em seu caso damos um outro nome. E ela não consegue me cativar mesmo. Mas prometi votar nela se ela chegasse ao segundo turno, por causa de um grande amigo meu do PSOL. Se acontecer, será um sinal divino, um milagre (risos).


Mas voltando às “minhas lésbicas”… elas são sinceras, doces, sarcásticas, inteligentes, humildes, bem articuladas… têm as melhores qualidades que eu poderia querer ter. Além de lindas! Talvez isso realmente explique o sucesso da série The L Word, a novela das lésbicas ricas. Adoro ver duas mulheres de mãos dadas e aquele clima: são amigas? É um casal? Mãe e filha? Elas chutam o preconceito no estômago.


Se bem que a sociedade, principalmente os homens, não toleram as mais masculinizadas. A exemplo do que acontece com os homens gays afeminados. É uma pena… pois o ser humano contido na aparência que a sociedade rejeita é, muitas vezes, mais encantador do que seria se a pessoa não fosse tão diferente. A diversidade faz parte da natureza do ser humano e é divina.


Bem, não preciso falar que historicamente as mulheres foram sufocadas, assim como os gays, árabes, judeus, negros… foram. Mas acho que elas vêm avançando significamente nos últimos anos e devem herdar o mundo de fato. Dizem que as próximas eleições americanas será um embate feminino entre a Sra. Clinton e a dona Rice. Acredito que os gays se sairão muito bem se as mulheres ganharem mais poder. Afinal, gays são os melhores amigos das mulheres e elas, com toda sensibilidade materna, nos entendem mais.


Apesar de existir o dia internacional da mulher (08 de março), gostaria de proclamar meu amor e gratidão hoje a todas as mulheres da minha vida. Muito obrigado mãe, amigas, editora, leitoras, professoras, vocês são a salvação do nosso mundo macho auto-destrutivo.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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