Tribunal de Inquisição para jovem do Marrocos

A Europa ficou estarrecida com a reportagem no jornal espanhol El País, feita pelo repórter Ignacio Cembrero e publicada no dia 19 de julho. Identificado pelo nome fictício de Ahmed, a matéria conta como este estudante de 26 anos, que cursava Ciências Econômicas, foi julgado, humilhado e expulso dos alojamentos Universidade de Fez, no Marrocos, por ser homossexual.

Após ter afirmado para outros estudantes que era gay, quando estes invadiram seu alojamento com violência, Ahmed foi levado até uma roda com mais de 400 pessoas que o humilharam e o julgaram, muitos islâmicos e integrantes do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (PJD), estudantes  e membros do movimento ilegal islâmico Justiça e Caridade.

Após três horas, um júri composto por 24 membros sentenciou a expulsão do rapaz do Campus da Universidade. Segundo a acusação, ele teria feito sexo “proibido” dentro da universidade e diziam ter provas, que não foram exibidas. Alegando compaixão, permitiram que o jovem estudasse e terminasse seu curso, sendo que este não poderia mais cruzar o campus, freqüentar o refeitório, conversar com os outros alunos ou usar a entrada principal. Ameaças físicas e de punições mais severas foram dirigidas ao aluno, caso ele não cumprisse as normas estipuladas. Naquela mesma noite ele foi expulso do dormitório, mesmo com seu pedido para ficar até o dia seguinte.

“Acredite, são psicoterroristas”, afirma Ahmed que não deve continuar a freqüentar as aulas. Ao jornalista estrangeiro, ele afirmou que em seu país os gays só querem viver, não almejam nada demais. “Olhe, nós gays do Marrocos não queremos casar e nem que reconheçam algum direito. Só bastaria que nos deixassem em paz”, suplicou. A legislação marroquina proíbe a homossexualidade e prevê de seis meses a três anos de prisão e multa.