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O relatório Kinsey

Redação Lado A 24 de Agosto, 2006 21h52m

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Alfred Charles Kinsey nasceu em Hoboken, Nova Jersey, em  23 de junho de 1894. Faleceu aos 61 anos, como o homem que revolucionou a discussão sexual. Antes de Kinsey, o não convencional não era comentado, era considerado como anomalia. Era um campo onde a ciência não ousava desafiar a moral vigente. Hoje ainda, seus estudos norteiam pesquisadores e cientistas.


Pai da sexologia, da revolução sexual dos anos 60. Na verdade, em sua formação, era biólogo. Largou o curso de engenharia para cursar biologia e se tornar doutor em Harvard, defendendo a diversidade padrões de uma espécie de vespa. O pai, professor conservador e religioso, não via com bons olhos os estudos do filho. Sofreu de raquitismo na infância, que deixou seqüelas físicas.


Casou-se com Clara McMillen e teve quatro filhos. Na Universidade de Indiana completou seu trabalho de capturar e catalogar mais de um milhão de vespas, que foram doadas ao Museu Nacional de História Natural, em Nova York. Lá, iniciou um centro de estudos sobre a sexualidade humana, hoje Instituto Alfred Kinsey, além de criar o primeiro curso de sexologia.


Depois de concluir sobre a diversidade das vespas e de padrões de acasalamento, Kinsey percebeu que era hora de mostrar que o ser humano seguia as mesmas variações. O professor doutor treinou e qualificou diversos pesquisadores para percorrerem o país com o seu questionário. A publicação veio em 1948, o famoso relatório sobre a sexualidade humana (Sexual Behavior in the Human Male) caiu como uma bomba na moralidade norte-americana.


Kinsey virou celebridade e seu trabalho um dos livros científicos mais vendidos. Em 53, foi publicado um novo volume, sobre a sexualidade das mulheres (Sexual Behavior in the Human Female). Segundo os estudos de Kinsey, 92% dos homens e 62% das mulheres se masturbava. E 37% dos homens e 13% das mulheres já tinham tido uma relação homossexual que lhes tinha proporcionado um orgasmo ao menos. O sexo não era mais um segredo entre quatro paredes.


Kinsey também classificou a sexualidade humana, retirando o rótulo sexual tradicionalmente machista que vigorava até então. Kinsey disse que a sexualidade não era estática ou imutável e que, embora tenha classificado o modo de se fazer sexo entre os seres humanos, sua classificação não era uma regra. Ele identificou os seguintes padrões sexuais: heterossexual exclusivo; heterossexual ocasionalmente homossexual;  heterossexual mais do que ocasionalmente homossexual; igualmente heterossexual e homossexual (bissexual); homossexual mais do que ocasionalmente heterossexual;
homossexual ocasionalmente heterossexual; homossexual exclusivo; indiferente sexualmente.


O estudo de Kinsey sempre enfrentou forte oposição dos católicos, tendo surgido diversos boatos sobre a sexualidade e procedimentos bizarros supostamente usados pelo pesquisador. Um fato é que os estudos de Kinsey possibilitaram o embasamento científico para retirar em 1973, a homossexualidade da lista de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria e no Código Internacional de Doenças, CID, da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1986. Em 2004, foi lançado o filme ‘Kinsey – Vamos falar de Sexo’, contando a vida do cientista.

Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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