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Emofobia

Redação Lado A 10 de Novembro, 2006 21h03m

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Emofobia
Os emos, tribo de meninos e meninas que manifestam suas vulnerabilidades emocionais através do visual, sofrem discriminação, sobretudo nos EUA.

Os Emos são especialmente garotos que usam franjas, visual andrógino e falam de amor e outros sentimentos, que o machismo sufoca. Eles não têm medo de chorar, de se mostrarem vulneráveis, são meninos e homens que demonstram sensibilidade, curtem roupas modernas e não estão nem aí para o que as outras pessoas pensam disso. São incapazes de cometer uma grosseira ou apelar para a violência. São politicamente corretos mas sem exageros, defendem causas humanitárias e não gostam de centralizar as atenções. O nome deste grupo vem de emocore, “emotional boy”, ou garoto emocional.

Entre os artigos indispensáveis no visual emo estão as munhequeiras e pulseiras plásticas coloridas (eles adoram ajudar campanhas). As roupas são modernas mas com estampas e corte retrô. A aparência é descolada.
 
Eles se dizem sinceros, são carinhosos e têm um discurso de fazer qualquer mãe imaginar neles o genro perfeito. Já para os machistas, e entre estes existem mulheres, falta masculinidade em suas ações. Diferentemente da maioria dos homens, para eles, homem que é homem também chora. Por isso, os emoboys ficam magoados e ressentidos. Os emoboys são alvo da admiração de uns e raiva de outros, mas, para eles, o importante é poderem exercer o seu estilo.

Mas apensar de vivermos em uma democracia, ainda existem aqueles que se incomodam com a aparência ou estilo alheio. Apesar de a própria internet ter ajudado a espalhar o estilo pelo mundo e unir os emos, hoje, ela é foco de propagação de uma cultura anti-emo.

No You Tube, na tevê e no Orkut, é fácil de achar um material contra essa cultura, nascida nos anos 90, com o emocore, estilo de rock mais que melódico e meloso.

No site charges.com.br tem uma animação interessante, em estilo de vídeo clip que canta “com é difícil viver no mundo em que vivemos, ah eu sou emo” e “evito chorar para não borrar a minha maquiagem” e outras coisas de preconceito leve. Mas o que assusta são ações como a edição da revista Mad Brasil, do mês passado, que trazia na capa: “Neste número nós detonamos esta praga maldita do século XXI”. Dentro, muita sátira e conteúdo para lá de mau gosto.

No Brasil, na MTV, o programa “Gordo Freak Show”, apresentado por João Gordo, com freqüência chacota os emos e homossexuais. No meio do rock algumas bandas evitam o rótulo emo pois os próprios companheiros de outras bandas criam o estigma de que emo são homossexuais. Na internet, chegam ao absurdo de criar animações que propõem o espancamento dos meninos emotivos, no You Tube, site de vídeos amadores, existem milhares.

A verdade é que emos sofrem tanto preconceito quanto negros e travestis, não em grau de intensidade mas sim de freqüência. Pois eles não podem se esconder, como fazem alguns homossexuais e pessoas de religiões marginalizadas. O lado positivo é que isso traz a discussão do preconceito para o dia-a-dia.

Outro fato curioso, lançado na internet, e que tem tirado o sono dos neonazistas é que Adolf Hitler era um emo, em razão da sua franjinha, sexualidade duvidosa e comum cara de pensativo nas fotos. Em um verbete do Wikipedia, a enciclopédia feita por internautas, ele é apelidado de “pai dos emos”.

Uma frase interessante: “Machismo é como a hemofilia. Quem transmite são as mulheres mas quem padece são os homens”.

Ver a animação “Eu sou emo” no charges.com.br:
http://charges.uol.com.br/2006/09/25/especial-clipe-eu-sou-emo/


 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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