Ter bom senso é melhor que ter consciência

Redação Lado A 01 de Março, 2007 22h12m

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Políticos corruptos, corrupção generalizada. Assassinatos violentos, violência contra crianças e idosos. Preconceito velado, discriminação escancarada. Pai que mata filho, filho que mata pai, famílias inteiras mortas. O mundo realmente chegou a um ponto em que não se pode mais esperar que as outras pessoas ajam de acordo com suas consciências. Hoje, já não se pode mais afirmar que tudo isso é fruto de um jornalismo e denuncismo maior, que sempre existiu. O caos existe, a confusão é real.


O que teria causado essa falta de consideração com o outro? Roubar do Estado, do povo, ou mesmo não devolver algo que achou. Isso é tão comum que os que agem ao contrário viraram malfeitores destas novas tradições. Até as crianças perderam a inocência e almejam ser políticos para serem ricos. Achado não é roubado é o jargão predileto que substitui qualquer consciência, de forma imediata.


Como estas pessoas conseguem colocar a cabeça no travesseiro e dormir? A resposta é fácil. Não apenas dormem como roncam e têm um sono muito feliz. Devem sonhar com aquilo que fizeram ainda. Estas pessoas não têm o menor problema de consciência pois são incapazes de fazer julgamento de suas ações, de se colocar na situação dos outros, de agir com solidariedade. Algumas até agem, e usam a solidariedade como pretexto para sua conduta condenável. Não são poucos os legisladores que aceitam propinas para poder fazer o que chamam de trabalho social, o que também garante votos para as próximas eleições. Claro, boa parte ele embolsa, mas ele merece, afinal, ele acha que o seu trabalho é o mais cansativo do mundo, isso quando ele não acha que virou um semi-deus ao ser eleito.


Outra forma de desculpa é a de que o mundo já é corrupto, que se ele não ‘roubar’ (claro que esta palavra não é usada) outro fará em seu lugar. Achou uma carteira cheia de dinheiro, ele vai tirar o dinheiro, pois, outro poderá tirar o dinheiro até a carteira chegar ao verdadeiro dono. E assim vai.


Perde-se o valor de uma vida. ‘Ou a minha ou a dele’, ‘essa pessoa não merecia viver’ ou mesmo ‘ela era uma pedra em meu caminho’. Pedra em meu caminho. Uma pessoa, um ser humano, se torna um obstáculo no objetivo da vida de outra pessoa. Objetivo esse nada nobre, que provavelmente beneficiaria principalmente aquele que virou um assassino. Sim, assassino.


E a justiça divina? Bem, muitos nem acreditam mais nela. O que é uma pena, pois se as religiões tiveram algum papel importante foi no controle social, e, claro, na invenção do vinho. Alguns até acreditam que conversaram com deus e ele consentiu tudo aquilo. Alguns se acham deuses, alguns não acreditam em nada, outros, têm a certeza que serão perdoados. Seria esta a consciência? Seria algo embutido em você para gerir as suas ações através do medo ou de seu próprio julgamento?


Eu acredito no bom senso. A consciência para mim não tem mais salvação. As pessoas não são dotadas deste mecanismo, já o bom senso pode ser aprendido, pode ser cobrado. Ninguém pode falar que uma pessoa não agiu segundo a sua consciência, pois não há nada mais subjetivo que isso. Já o bom senso, bem, este está carregado de responsabilidade com os outros, é passível de julgamento, coloca a sua ação frente a todo o resto do mundo.


Quem sabe, com o bom senso, podemos reverter os problemas ambientais, os crimes, o preconceito, a corrupção, as guerras… Bom senso é a palavra de ordem. Ela requer muito mais, querer pensamento, requer segurança na decisão, requer mais humanismo das pessoas, porém suas ações se multiplicam. De hoje em diante, aja com bom senso e entre para essa corrente.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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