Desobedeça lançará manifesto sobre duas paradas em Porto Alegre

Para se entender o que se passa em Porto Alegre, basta saber que há 3 anos a cidade possui duas paradas. Uma maior, pioneira, Parada Livre, organizada pelo grupo gay Nuances, com apoio da Prefeitura. E outra, menor, organizada pelo Fórum de Ong-aids do estado, que recebe verba do Ministério da Saúde e do Ministério da Cultura. As duas serão realizadas este ano em novembro.

Nosso colunista Roberto Seitenfus faz parte do Grupo Desobedeça, que assim como os outros grupos gaúchos, têm tradição na discussão política, pois os gaúchos, diferentemente dos outros estados, discutem mais seus problemas e reagem mais quando insatisfeitos. Tudo isso é muito bom, pois enriquece o poder popular e o controle social das ações públicas.

O texto abaixo faz parte de um manifesto, e retrata apenas um lado da história. Mas será distribuído nas próximas semanas e deve provocar grande polêmica. Nós, da Revista Lado A, não nos manifestamos sobre o assunto e acreditamos que o trabalho de todos os grupos e indivíduos são importantes. Ou seja, esperamos apoiar as duas paradas e não necessariamente concordamos com o que nosso colunista acredita. Por esta razão, este texto está sendo publicado como notícia e esperamos que a outra parte se manifeste e esclareça os pontos levantados. Este é o posicionamento da nossa linha editorial, de informar e mostrar que o inimigo é o preconceito e não nossas brigas internas.

——————————————–

MANIFESTO
Basta de duas Paradas em Porto Alegre!
Basta da disputa pelo poder e dinheiro!

Já se passaram 3 anos que Porto Alegre tem 2 Paradas. Uma delas, denominada Parada Livre, é coordenada por somente um grupo e ocorrerá dia 11 de novembro. A outra, conhecida como Parada do Orgulho GLBT, possui uma COORDENAÇÃO COLETIVA que, registrada em cartório, é composta por 5 grupos da capital. Esta Parada, organizada coletivamente pelo Fórum LGBT, acontecerá dia 18 de novembro.
O Grupo Desobedeça GLBT (participante do Fórum que coordena a Parada do Orgulho GLBT) existe há mais de 6 anos, lutando de forma independente na defesa de um movimento combativo e de luta.
O que de fato está em “jogo” nas duas Paradas porto-alegrenses? A Parada Livre só existe por que seus organizadores se fecharam para o diálogo. Essas pessoas defendem que seu tempo no movimento é garantia de legitimidade. Um absurdo! Legítimos são aqueles que LUTAM JUNTOS por propósitos comuns! Um grupo que se afasta do COLETIVO sem razões reais só pode estar trabalhando em benefício próprio!
O que dizer sobre a falsa polêmica de que os grupos do Fórum LGBT possuem filiação partidária? Todo o cidadão é livre para se filiar a um partido, mas as ONGs que formam o Fórum não têm nenhum tipo de filiação. Em geral, em cada ONG militam pessoas de vários partidos. Entre os coordenadores da Parada Livre não é diferente. Então, por que insistir nessa falsa polêmica de que os outros são partidários e eles não?

Até quando vão ocupar nossos ouvidos com DESCULPAS sem sentido? Até quando vão esconder o dinheiro público que receberam? Não faz sentido que a Parada sirva para as ONGs se promoverem. São os LGBTs que merecem os aplausos!

Desde que foi apresentado o 1° projeto da então Deputada Federal Marta Suplicy, NADA foi aprovado em nosso favor! Enquanto temos a maior Parada do mundo em SP, cresce o número de homossexuais assassinados no Brasil. No Sul do país, a cada dia que passa, mais jovens são contaminados pelo vírus HIV (dados Min. da Saúde). Não queremos só a maior Parada do mundo, mas um outro mundo!
É bom festejar, mas A PARADA NÃO DEVE SER UM CARNAVAL FORA DE ÉPOCA. Ela deve ser produto da LUTA política COMUNITÁRIA. Só um movimento coeso será capaz de batalhar pelo acesso à cultura, por uma educação pública e de qualidade, por segurança para tod@s e, com isso, construir uma outra cultura social: o RESPEITO ÀS DIFERENÇAS.