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Sexo como religião

Redação Lado A 15 de Agosto, 2008 18h01m

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Um leitor nos enviou um longo texto da revista norte-americana OUT, que falava sobre o site Manhunt e questionava sua não colaboração com o movimento gay, de que o site reforçava o estereótipo do gay promíscuo, gerava uma fortuna e ainda fazia com que homens homossexuais perdessem tempo de suas vidas na caça ao invés de desenvolverem atividades produtivas. Resolvemos pegar o gancho e fazer outra comparação. Já percebeu como os gays estão transformando o sexo em uma religião?

Sim, o sexo virou uma válvula de escape para os mais variados questionamentos e inseguranças e uma forma de se auto-afirmar. Assim como fazem com as religiões. Os corpos sarados, cuidados com a beleza, grupos extremamente isolados são algumas das características do povo que se joga na pegação. Apesar do discurso libertário, os gays adeptos ao sexo livre geralmente procuram parceiros fixos. Há aqueles que usam da pegação ou sexo casual como forma de exercerem a sexualidade reprimida, já que não são assumidos. Mas estamos falando do século XXI, só não se assume quem não quer. O medo de ser discriminado inexiste frente aos perigos de se levar uma vida obscura de sexo com desconhecidos.

A comparação com religião vem quando temos uma certa freqüência destas atividades, de que os participantes deste estilo de vida não aceitam críticas, e o principal: quando eles idolatram-se uns aos outros como se fossem os donos da verdade, em um verdadeiro culto. Não há santos, mas perfis em sites de caça como Manhunt, Trocatroca e Disponível. Eles abarcam mais pessoas que qualquer organização gay e movimentam milhares de reais, mas os participantes evitam mostrar os rostos, por quê? São corpos sem cabeças, o que realmente expressa os participantes de sites de pegação. Mas nem tanto, querendo ou não, eles manifestam uma ideologia e abraçam um lado político, há um posicionamento sim, e ele diz: se danem os direitos gays, eu quero é gozar.
 
Assim como as religiões, seus membros formam clãs, passam horas se dedicando a esta atividade, pagam por isso, buscam conforto e afirmam que são felizes. Na verdade, o sexo casual traz todo o tipo de experiências, algumas não tão prazerosas, mas raramente as pessoas percebem ou falam disso. Entram na euforia e acabam praticando ações automáticas. Não há sentimento ou razão. É um comportamento grupal sem consciência mas cheio de afirmações. Uma das mais conhecidas entre eles é de que o homem é safado mesmo, por isso não adiantaria lutar contra esta natureza. Pura ladainha.

Mas o que temos a ver com isso? Nada. Cada um faz de seu corpo o que quiser. O julgamento de valores não vem ao caso, mas é importante questionar o que estas pessoas estão deixando de produzir em nome do prazer. São horas de bate-papos, encontros frustrados e sexo. Elas poderiam dedicar este tempo para a caridade, para o lazer, construção de amizades verdadeiras, relacionamentos estáveis ou mesmo para adquirir cultura (Vai ler a barsa). No emprego, nem se fala: volta e meia entram no site para ver se chegou alguma mensagem. Fora os que traem namorados, destroem relacionamentos ou transam sem camisinha.


Não é julgamento de valores, repito. Mas se você veio ao mundo sem objetivo, encontre um. Se você acha que o seu objetivo no mundo é fazer sexo, vai fundo. Lembre-se que outra regra no grupo é clara: depois de certa idade, o sexo começa a ser pago. Se eu fosse um deles, começava a ganhar dinheiro logo.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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