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White Party é gay, White party é beneficente

Redação Lado A 28 de Janeiro, 2009 08h52m

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Depois de receber o milésimo convite para uma White Party, resolvi falar um pouco da festa gay mais tradicional que há 25 anos arrasta uma multidão de gays norte-americanos para a Miami, Flórida. Nunca fui, mas tenho amigos que já foram e dizem que é impressionante. Festa com povo de branco sempre teve, vide o Reveillon, mas a White Party é muito mais do que isso e a tradição está se perdendo com as festas que estão surgindo com o nome, em todo mundo. Já tem White Party até no circuito hétero, vai ter uma na Pacha de Floripa!!! Tirando a falta de originalidade de quem batiza uma festa de White Party e não se prende às premissas do título, ser gay e beneficente, vamos conhecer um pouco das originais. Em tempo, o nome da festa não é uma marca registrada.


No início dos anos 80, em Nova York, a lendária boate The Saint realizava sob a lua cheia de fevereiro a festa que tinha como code dress o branco, para quem quisesse entrar. Mas foi em 1985 que o Health Crisis Network, uma Ong do Sul da Flórida, convidou um gay milionário, Frank Wager, a ajudar na busca de fundos para combater a Aids, doença que consumia a comunidade gay. Ele e outras dez pessoas começaram a desenvolver uma festa para arrecadar fundos, mas jamais imaginaram que o evento tomaria a proporção que chegou. A idéia era criar uma festa não política, não agressiva, que simbolizasse a solidariedade da comunidade.


O branco foi escolhido por sua pureza e elegância. Uma pessoa sugeriu a elegante Villa Vizcaya para sediar o evento. A mansão renascentista é uma grandiosa construção do século XVI, com terreno de 30 acres. Pilares, mata nativa, esculturas e cascatas eram o clima da primeira festa, marcada pelo luxo e pela ostentação, por mais altruísta que fossem as intenções. A festa da Villa Vizcaya é hoje a grande atração da Semana da White Party Week, a semana de festas ocorre tradicionalmente durante o feriado de Ação de Graças, Thanksgiving (terceira quinta-feira de novembro). A festa, ou o baile, como é chamado, arrecada milhares de dólares que são destinados a Care Resource, uma rede formada pela entidade apoiada originalmente que agora oferece assistência social. Cada convite custa 100 dólares e esgotam dois dias depois de lançados, no mercado negro o preço sobe às alturas. Todo mundo trabalha neste evento de forma voluntária.


Hoje, a festa lança CDs, ocupa uma semana inteira do calendário oficial de Miami, tem patrocinadores gigantes da área de bebidas e arrecadou mais de meio milhão de dólares nas últimas edições. Chamam a atenção os eventos específicos, tem festa de todo tipo: como na praia, na piscina, na sauna, para ursos, em teatros, para sarados, para nerds, concertos, desfiles, exposições, tem de tudo… todas bombando, algumas com mais de cinco mil pessoas. De lá saem a maioria dos grandes DJs que vão comandar a cena GLS mundial. A festa Muscle Beach, dos sarados, é um show a parte. Nos últimos anos, a festa ficou mais famosa pela exposição da putaria (muitos barebacks, acredite) e das drogas que rolam nos eventos paralelos, abordados no seriado Queer as Folk e no polêmico documentário “When Boys Fly” que mostra o consumo de drogas e pegação durante o evento. As meninas também ganharam festa especial. Confira mais no site: www.whiteparty.org (em inglês)

Redação Lado A

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Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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