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Por que as pessoas não denunciam a homofobia?

Redação Lado A 01 de Abril, 2009 15h14m

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O sentimento normal de uma pessoa que foi vítima covarde de uma agressão é querer denunciar o fato, buscar reparação ou conforto. Passa-se ainda pela vontade de querer ver a Justiça sendo cumprida, mesmo que pelas próprias mãos. Porém muitos gays passam por um sentimento de culpa, pressão familiar e até mesmo vergonha e acabam preferindo esquecer o que passaram a tentar evitar que isso aconteça novamente.

Segundo Igo Martini, do Centro Paranaense da Cidadania, CEPAC, são muitas as denúncias feitas no Centro de Referência João Antônio Mascarenhas mas poucas pessoas de fato querem se identificar. Assim, o processo é encaminhado ao Ministério Público mas geralmente não chega a condenar alguém, por falta de provas e testemunhas.

São casos de agressão e discriminação contra gays, lésbicas e transexuais que ajudam a aumentar a sensação de impunidade. Além do medo da exposição na mídia, de ameaças e preocupação com o futuro, a família acaba convencendo os gays de que é preciso ter discrição. Isso acontece em casos que vão de xingamentos a rostos desfigurados por ataques de skinheads. O que cria uma segurança nos agressores de que não serão condenados por seus crimes.

A polícia e o Estado têm as suas parcelas de culpa. Além de não garantirem a cidadania dos homossexuais por falta de leis, declaram claramente a sua aversão e legitimam esses crimes. O caso da discussão na semana passada sobre o título de utilidade pública da Associação Paranaense da Parada da Diversidade em Curitiba é um claro exemplo. Bem como todos os outros direitos negados a casais homossexuais. A falta de um programa de proteção a testemunhas, o descaso das autoridades policiais e a reincidência de grupos já conhecidos pelas autoridades assinam esse aval da sociedade e intimidam as vítimas. A baixa auto-estima deixa a pessoa desorientada, com medo, se achando culpada de ser diferente. Assim como a mulher estuprada acha que teve culpa por “provocar”.

A situação é delicada. Mas é preciso rejeitar esse empurrão da sociedade que quer nos colocar de volta ao armário. É preciso denunciar, é preciso cobrar das autoridades. Por mais que não sejamos unidos, poderia acontecer com qualquer um de nós, do gay mais afetado ao mais “discreto”. Calar não é uma opção frente a este holocausto que continuamos a sofrer. Pagamos impostos, somos cidadão e merecemos respeito. Vamos parar de empurrar a sujeira para baixo do tapete, é hora de limpeza.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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