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Assistimos: Brüno – Leia crítica

Redação Lado A 11 de Agosto, 2009 17h21m

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Por Allan Johan

Assistimos ao polêmico filme Brüno que estréia no Brasil nesta sexta-feira. O novo filme Bruno é ardiloso, pesado, escrachado, vulgar e incrivelmente engraçado. Assim como toda boa miss, busca a paz mundial. O novo personagem de Sasha Baron Cohen (Borat, 2006) é um gay non sense, do tipo que a sociedade mais condena, que é discriminado até mesmo no meio homossexual. Mas que, no final, ele se mostra um ser humano vítima da cultura capitalista e dos estereótipos. Bruno tira sarro de tudo, até dele mesmo.


Bruno é um famoso apresentador de tevê austríaco, segundo ele, o mais famoso da televisão de língua alemã, tirando os da Alemanha. Tudo começa quando ele é demitido de seu programa, Funkyzeit, depois de uma passagem desastrosa pela semana de moda de Milão. Com isso, ele se muda para Los Angeles onde busca retomar a sua fama. Bruno tenta virar ator, celebridade, humanista, até troca uma criança africana por um i-pod, tudo sob o olhar de seu fiel fã Lutz, que passou de assistente de assistente para o cargo de fiel empregado.


Ele se diz incompreendido como seu conterrâneo Adolf Hitler, aliás, são várias as referências ao nazismo durante o longa de aproximadamente de 100 minutos. Ele tenta gravar um vídeo sexual com um político conservador para ficar famoso. Bruno se mete em confusões no cinturão evangélico norte-americano e até em Israel. Acaba brigando com Lutz após sair da prisão, foi detido por andar com trajes sumários em público. Como seus planos não dão certo, ele decide virar hétero, inspirado ao ver John Travolta e Tom Cruise fazendo sucesso. Ele vai então em busca de ajuda e passa por terapias de conversão, pelo Exército e grupos de caça.


O final reserva a participação de Bono Vox, Elton John, Stevie Wonder e outras celebridades. Do início ao fim, o público é brindado com o melhor da Euro Beat, a música eletrônica européia que é bem desconhecida por aqui. A promiscuidade de Bruno, dildos, roupas espalhafatosas, cuecas fio-dental, linguagem chula e cenas inacreditáveis chamam a atenção. Em uma delas, por mais de 10 segundos, um pênis gira ocupando toda a tela do cinema. Em outra, seu namorado aparece com uma garrafa de champanhe saindo do traseiro. Inacreditável, assim como o filme Bruno, que apesar de toda a sua agressividade mostra o mundo como ele é. O filme é uma crítica ao mundo atual, às vítimas da busca pela fama instantânea, ao preconceito, à falsa moral humana e aos ditos modernos. Bruno (o personagem e o filme) está adiantado em seu tempo, talvez algumas décadas. É um filme chocante até para quem se diz moderno. É preciso ter bolas para ser gay, é preciso ter bolas para assistir ou ser como Bruno.

Nesta sexta, faremos o lançamento do filme em Curitiba, na Twiga. Veja na Agenda o convite.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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