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O fator Dourado no Big Brother Brasil 10

Redação Lado A 22 de Fevereiro, 2010 18h53m

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Marcelo Dourado já entrou para a história por ser a pessoa que mais ficou confinado na casa do reality show Big Brother Brasil, depois de ter participado da quarta edição do programa e estar também na décima casa. Mas desta vez o ex-lutador gaúcho está como um dos favoritos ao prêmio de um milhão e meio de reais e enfrenta esta semana dois “coloridos”, Dicésar e Angélica no Paredão.

Mas por que um cara violento (ele disse que bateria em Angélica por ela apontar o dedo para ele se ela não fosse mulher), ignorante (ele afirmou que homens héteros não pegam o vírus HIV) e simples está conquistando tantos simpatizantes? Ora, pelo simples fato de ele representar muito bem o país, uma nação de pessoas mal informadas, que resolvem as coisas na base da violência ou do famoso jeitinho e que urgem por uma segunda chance. Ele é a cara das classes C e D, algo em torno de 80% da população brasileira, que se sente oprimida e é fortemente conservadora. Isso não tira o mérito do Dourado ser um cara batalhador e carismático. Ele não é belo, ele não é culto, ele não é inteligente, mas ele é esforçado e isso dá muitos créditos para ele, principalmente para quem se identifica com seu perfil.

Ele não gosta de ouvir falar em nada referente ao universo gay, principalmente sexo, e que apesar de nunca dizer que não gosta de homossexuais, ele se demonstra psicologicamente travado para conviver com os gays da casa. “Cada um no seu canto”, diz Dourado, assim como a maioria da população brasileira. O problema é que essas pessoas se acham as donas do mundo e o “canto” quer dizer: “longe de mim”. Ele diz que não é homofóbico, assim como a maioria da população não se considera homofóbica, mas faz parte daqueles que não acreditam que héteros e homossexuais devam ter os mesmos direitos como casamento, herança ou adoção. Direito de demonstrar afeto em público! Se você não entende o que é igualdade, mesmo que não tenha raiva de homossexuais, desculpe, você é homofóbico.

Entre seus argumentos ele afirma que não está arrotando na cara das pessoas e que foi feito um acordo para que as pessoas respeitassem e não falassem de nada homoerótico perto dele. Ou seja, ele prega a censura e usa uma convenção sobre educação (não arrotar) para justificar que tem direito a pedir que as pessoas não falem de sexo (gay) perto dele. Às vezes ele escorrega e fala de sexo também, traindo o seu próprio acordo. O que assusta é que tudo indica que Dourado pode se fortalecer cada vez mais e virar porta-voz de uma sociedade homofóbica. Na internet, por exemplo, já existe a Tropa Dourada que vem fazendo acusações e ameaças à participante Morango e às lésbicas, por causa da briga dos dois participantes.

Em outra ocasião, Dourado já insinuou que tem amigas lutadoras “para isso”, ao se desentender com Cacau que foi ameaçada pelo lutador se desse o “monstro” para ele. Dourado afirmou que ela teria que agüentar as consequências fora da casa, e disse que as amigas eram para isso, já que ele não bate em mulheres.

No primeiro mês do programa, ele já havia sido alvo de críticas por causa de uma tatuagem que possui com “manjis”, símbolos orientais similares às suásticas e que foram criticados por Elenita, doutora em linguistica. Se ele tem coragem de ostentar tal símbolo, de ameaçar as mulheres da casa e de voltar para o inferno do Big Brother, ele é realmente um cara diferente e intrigante.

Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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