Pesquisa revela que maioria da população brasileira é contra a adoção por casais gays

O resultado de uma pesquisa realizada recentemente pela Datafolha revelou que a maioria da população brasileira é contra a adoção de crianças por casais gays, contrariando a aprovação do Superior Tribunal de Justiça brasileiro que há dois meses reconheceu o direito de casais do mesmo sexo para a adoção.

O estudo foi realizado com 2.660 pessoas de diversas localidades do país. Os resultados mostram que, dentro os entrevistados, as mulheres são as mais tolerantes sendo 44% a favor da adoção por casais gays, contra 33% dos homens. Outro dado relevante foi que quanto maior a renda e o grau de escolaridade, maior é a aceitação deste tipo de adoção.

O inverso ocorre quando a relação é com a idade. Quanto maior a idade do entrevistado, maior é sua rejeição sobre o direito de adoção de crianças por homoafetivos. Desta forma, 58% de pessoas entre 16 e 24 anos são a favor, contra 19% das que estão na faixa etária acima de 60 anos.

O balanço geral da pesquisa apontou que 51% da população são contra a adoção de crianças por casais gays, enquanto 39% se posicionam a favor. “Já é um grande avanço. Na Idade Média, éramos queimados. Depois, tidos como criminosos e doentes. O fato de quase 40% da população apoiar a adoção gay é uma ótima notícia”, diz Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, à Folha de S. Paulo.

A pesquisa foi mais além e identificou a aceitação do tema entre religiões declaradas, 41% dos católicos recebem a permissão para a adoção aos gays com aceitação, enquanto para os evangélicos pentecostais apenas 22% são favoráveis.

O jornal Folha de São Paulo, que divulgou a pesquisa, recolheu ainda a declaração do padre Luiz Antônio Bento, assessor da comissão para vida e família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, que foi categórico ao afirmar que uma criança crescer em meio a uma família formada por casal homoafetivo pode acarretar “problemas psicológicos à criança”.

No entanto, a psicóloga Ana Bahia Bock, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP refuta a afirmação do religioso e afirma que “a questão é cultural. Se a criança convive com pessoas que encaram com naturalidade, ela atribui um significado positivo à experiência”.