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Eu prometo que ser for eleito…

Redação Lado A 04 de Outubro, 2010 20h23m

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Em tempo de eleições, nada cansa mais do que discutir política. Desculpem-me, mas eu preciso dedicar este texto a isso.

Confesso que não sou um grande conhecedor de política. Mesmo assim, tenho algumas opiniões formadas e vou compartilhá-las com vocês.

1ª – Nosso país é piadista e adora privilegiar os menos favorecidos. Prova disso é que o Tiririca acaba de ser eleito. Uma pessoa que mal sabe escrever vai nos representar e lutar pelos nossos direitos (claro que não, mas ele foi eleito pra isso). Por quê? Simples: empatia. A maioria do país é pobre e analfabeto como ele. Duvido muito que alguém instruído, com estudo e conhecimento sobre a importância das eleições, votaria nele. (Eu não votei).

2ª – As pessoas “confundem” artistas com políticos. Quando um “artista da categoria B” decide se candidatar, já conta com grandes chances de ser eleito, devido a sua popularidade e carisma.

3ª – Há um pensamento coletivo: Pior do que está não fica. Acredite, fica sim.

4ª – Voto em quem me der algo em troca: Escolhe-se o candidato que mais beneficiará o eleitor. Se eu voto pra presidente, voto no presidente que me dá bolsa família, bolsa balsa, leve leite, leve a vida numa nice, sem precisar trabalhar, leve a vida esperando o governo pagar suas contas. E por governo, leia-se a parcela dos brasileiros que se lasca por um salário para pagar as contas. Incluindo os impostos, que pagam os salários daqueles que elegemos e muito mais.

5ª – Ele rouba, mas faz. Vou votar nesse candidato porque ele rouba, como todos os outros, mas pelo menos faz obras superfaturadas que são concluídas e realmente trazem melhorias à população. Absurdo.

Grande parte da população carente de estudo e, de condições precárias de vida, vota em quem oferecer a luz mais intensa no fim do túnel.

Bom seria se todos soubessem que os políticos lêem uma cartilha: “O Príncipe”, de Maquiavel, cuja moral da história é: Prometa tudo o que o povo quer ouvir, consiga entrar no poder e depois, não se sinta obrigado a cumprir o que prometeu. “Os fins justificam os meios.” Certeza de que você já ouviu falar sobre isso.
Outro dia, vi de relance, no horário eleitoral, um candidato a presidente prometendo salário mínimo de R$ 2.500,00 e pensei: Maquiavel Feelings.
 
Seria ótimo ganhar um salário de R$ 2.500,00, mas se esse candidato entrasse no poder como faria para cumprir a promessa? Não faria. Não tem como. (Mesmo que ele cortasse pela metade o salário de todos no senado).

A grande verdade é que existem poucos políticos preocupados com o bem da nação. Devíamos cobrar mais. Participar mais. Exigir que melhorias fossem feitas. Que saúde, saneamento e educação fossem um direito adquirido por todos, de maneira satisfatória. Infelizmente, nossa realidade é outra. Estamos ocupados tentando enriquecer. Tentando nos encontrar. Tentando ser alguém parecido com o galã da novela das oito, ou do seriado americano… Estamos alienados. Por opção ou por costume. Por isso resolvi escrever este texto para frisar: Eleição é coisa séria.

Damos poder de representação junto ao senado a alguns indivíduos que ficam com a tarefa de viabilizar leis que geram recursos, que visam melhorar nossa sociedade, e o país.

Se você sabe disso, mas não consegue responder positivamente a famosa pergunta “O Brasil tem jeito?” Te respondo que TEM. Mas ajeitar nosso país requer diversas mudanças, entre elas: tornar as eleições optativas. Quem quiser votar, vota. Assim os políticos precisariam mostrar serviço para conseguir a porcentagem necessária de votos. Dificilmente isso irá acontecer, mas se continuar obrigatória, que, pelo menos, obriguem as pessoas a aprenderem a votar.
Seria um alívio.

É revoltante ver as pessoas elegerem um Zé abestado, só porque ele é engraçado, ou porque ele é pobre, ou porque ele é analfabeto. Incrível observar que, no nosso país, quanto mais razões encontramos para impugnar algum político, mais popularidade e força ele ganha.
Por enquanto só nos restam duas opções: Continuar alienados, com cabelos e votar nulo. Ou, pintar a cara, exigir melhorias, e perder os cabelos com nossa revolta pela acefalia política da maioria.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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