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Tropa de Elite

Redação Lado A 03 de Novembro, 2010 15h43m

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Semana passada, assisti ao filme ‘Tropa de Elite 2’ e precisava escrever isso: É FENOMENAL. A coragem e a competência que o José Padilha teve ao dirigi-lo merecem destaque. E a interpretação do delicioso Wagner Moura também, mais uma vez, está primorosa.


Geralmente as seqüências cinematográficas são superestimadas. Fica meio na cara que as continuações são feitas somente para ganhar mais dinheiro em cima de um sucesso. Mas não é a toa que este já é o filme mais visto no Brasil desde a retomada do cinema nacional, em 1995. O roteiro está bem amarrado e é brilhante.


Não, não sou crítico de cinema, mas adoro filmes, e tomei a liberdade de usar meu espaço aqui para indicar este, caso você ainda não o tenha visto. O jogo político que vemos no enredo é de dar ódio, nojo e desprezo. Quando acabou fiquei com vontade de mudar de país, mas com certeza vai ser muito difícil mudar o país.


Por mais que no começo do filme há um aviso dizendo que os personagens são fictícios, a gente bem sabe que tanto os personagens, quanto as situações que eles vivem, não são coisas inventadas do além. Elas acontecem na vida real, na política do nosso país. Aqui, o mais forte usa a força para extorquir. O mais fraco não tem como se proteger, a não ser pagando por proteção. Coisa de louco, né?


O sistema é foda sim. E dificilmente irá mudar. Azar o nosso. No mundo inteiro há corrupção, mas em países desenvolvidos ela é devidamente punida e recriminada. Aqui não. O que fazem é um teatro para fingir que estão tomando alguma providência para achar e punir os corruptos. Como sempre, tudo acaba em pizza, e somos nós que pagamos por ela.


E o povo? Não se revolta? Talvez, mas a grande maioria faz piada sobre os escândalos. Ou segue dizendo: Ah, ele rouba, mas faz. A realidade é que os ladrões engravatados sabem que estão no poder e para sair de lá seria necessário que a maioria da população se juntasse e exigisse que ficasse no poder somente os políticos com seriedade, competência e honestidade.


O pensamento do político corrupto é simples: “Para quê me contentar com um salário de 10 mil se posso extorquir 100 mil?”. O ideal seria que os políticos vivessem um mês que seja numa favela. Passassem fome, não tivessem água potável, nem saneamento básico. Passar na pele o que a maioria dos brasileiros passa talvez os fizessem pensar que o dinheiro que eles roubam faz falta, e mais, que o salário que eles ganham está mais do que bom para viver.


Achei curioso o fato de o filme ter estreado somente depois do primeiro turno das eleições. Certeza de que alguém ficou com medo de perder votos por causa do que é apontado na película. Ridículo.


Nosso país já começou errado. Votar não devia ser obrigatório, assim, os políticos teriam que rebolar para conseguir o mínimo de votos para serem eleitos. E ao povo caberia votar somente em quem realmente mostrasse competência e honestidade.


O triste é que isso não vai mudar tão cedo (e talvez nunca mude). Mas fica aqui meu pensamento:


Político corrupto é osso duro de roer, rouba um, rouba geral, também vai roubar você. (Podem até ser osso duro de roer, mas nenhum osso é inquebrável.) Vai mesmo ficar de bobeira?


 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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