Em busca de um lugar para ser feliz

Por Leandro Allegretti

No último feriado (em SP) fui para Montevideo e me apaixonei pela cidade. Tirando o frio de 8 graus e alguns contratempos, foi tudo maravilhoso. Tanto que voltei deprimido.

Sabe quando bate aquele sentimento de que você pode ser mais feliz do que é, de que pode viver melhor? Não estou falando de dinheiro e sim de qualidade de vida. De olhar para a rua e ter vontade de sair. Montevideo tem tudo o que uma cidade deve ter (inclusive boys magia) e tudo em escala menor do que São Paulo.

O mais engraçado (ou triste) foi perceber que os gays são iguais em qualquer parte do universo. Não que eu tenha rodado o mundo todo, só conheço algumas cidades em três países da América do sul, quatro, se contar o Brasil. Fogo é que toda a vez que voltei de algum deles, voltei triste. Com um desejo enorme por algo que não está aqui em nosso país. E não, não estou falando de amor. Como disse, percebi que os gays são iguais em todos os lugares…

Solteiros ou comprometidos, querem sexo. Os comprometidos querem sexo com ou sem o namorado/marido. Isso me faz duvidar de que é possível um relacionamento monogâmico e duradouro… Então, não vivo para arrumar namorado, nem aqui nem em nenhum outro país.

Mas vivo querendo encontrar o meu lugar. Sei que talvez nem exista esse lugar, sei que Montevideo nem deve ser a cidade perfeita que me pareceu ser. Também sei que o que me faz amar tanto esses lugares foi o fato de conhecê-los como turista, ou seja, tinha tempo livre para aproveitar e fazer o que quisesse.

Talvez seja isso o que procuro: mais tempo livre para apreciar as coisas e menos tempo preso dentro de um escritório trabalhando para receber um salário e comprar coisas apenas para ser. Sim, por que em nosso mundo a gente precisa ter para ser, saca?

E por mais roupas, acessórios, ingressos de cinema/teatro, mais viagens que eu faça e poste no Facebook/Insta/Twitter, na espera de receber elogios ou compartilhar as coisas que faço com quem me quer bem, nada me satisfaz.

O pior é saber que talvez o problema seja eu. Que o que me falta não está em lugar algum, mas dentro de mim. Talvez largar tudo e ir para Montevideo, Santiago ou Buenos Aires seja incrível e libertador. Talvez me sinta pior por deixar família e amigos aqui. E bom, uma coisa é certa, sozinho vou estar sempre. Ninguém está junto da gente 24 horas por dia e quando fechamos os olhos estamos todos sozinhos… Enfim, você já se sentiu assim alguma vez na vida? Isso é coisa de trintão ou estou doido mesmo?