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CEO da Apple, Tim Cook sai do armário oficialmente

Redação Lado A 30 de Outubro, 2014 13h55m

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Herdeiro do legado criativo de Steve Jobs desde 2011, Tim Cook, 53, CEO da empresa de tecnologia Apple, saiu do armário em ensaio escrito por ele para a revista Bloomberg Businessweek, publicado nesta quinta-feira. “Eu considero ser gay entre os melhores presentes que Deus me deu”, afirmou ele que disse ainda que “Eu vou admitir que não foi uma escolha fácil. Privacidade continua sendo importante para mim, e eu gostaria de ainda me garantir uma pequena quantidade dela”.

“Eu não me consider um ativista, mas eu percebi o quanto eu me beneficiei por causa do sacrifício dos outros”, afirmou ele que em 2013 chegou a encabeçar uma lista de gays mais poderosos, mesmo nunca tido se assumido. “Então, se ouvir que o CEO da Apple é gay pode ajudar alguém lutando a aceitar quem  ele ou ela é, ou traz conforto para qualquer um que se sente sozinho, ou inspira pessoas a insistir por sua igualdade, então vale a pena trocar pela minha própria privacidade”, declarou ele.

“Vamos continuar a lutar por nossos valores, e eu acredito que qualquer CEO desta incrível empresa, sem importar raça, gênero, ou orientação sexual, faria o mesmo. E eu vou pessoalmente continuar a buscar a igualdade por todas as pessoas até que meus dedos cansarem”, afirmou Cook que humildemente rejeitou qualquer heroísmo em seu ato e diz que faz a sua parte, pequena, mas que ajudará outros e irá ajudar a construir um mundo mais justo, tijolo a tijolo. “Este é o meu tijolo”, afirmou o executivo.

Confira o texto na íntegra, traduzido (Tradução Allan Johan para Revista Lado A):

TIM COOK FALA…

Ao longo da minha vida profissional, eu tentei manter um nível básico de privacidade. Eu venho de origem humilde, e eu não procuva chamar a atenção para mim. Apple já é uma das empresas mais visadas em todo o mundo, e eu gosto de manter o foco em nossos produtos e as coisas incríveis que os nossos clientes a alcançar com eles. 

 
Ao mesmo tempo, eu acredito profundamente nas palavras do Dr. Martin Luther King, que disse: “A pergunta mais persistente e urgente da vida é: ‘O que você está fazendo para os outros'”, muitas vezes eu me desafiei com a pergunta, e percebi que meu desejo por privacidade pessoal havia me impedindo de fazer algo mais importante. Isso é o que me levou a hoje. 
 
Por anos, eu me abri com muitas pessoas sobre a minha orientação sexual. Muitos colegas na Apple sabem que eu sou gay, e isso não parece fazer a diferença na maneira como eles me tratam. Claro, eu tive a sorte de trabalhar em uma empresa que adora a criatividade e a inovação e que sabe que só se pode florescer quando você abraçar as diferenças das pessoas. Nem todo mundo é tão sortudo. 
 
Enquanto eu nunca neguei a minha sexualidade, eu ainda havia assumido publicamente , até agora. Então deixe-me ser claro: eu tenho orgulho de ser gay, e eu considero ser gay entre os maiores dons que Deus me deu. 
 
 
Ser gay me deu uma compreensão mais profunda do que significa estar em minoria e, me deu uma janela para os desafios que as pessoas de outros grupos minoritários lidam todos os dias. Isso me fez mais compreensivo, o que levou a uma vida mais rica. Tem sido difícil e desconfortável às vezes, mas isto me deu a confiança necessária para ser eu mesmo, para seguir o meu próprio caminho, e para superar as adversidades e intolerância. Ser gay também me deu a pele de um rinoceronte, que vem a calhar quando você é o CEO da Apple. 
 
O mundo mudou muito desde que eu era criança. América está se movendo em direção à igualdade no casamento, e as figuras públicas que bravamente saem ajudaram a mudar as percepções e fez a nossa cultura mais tolerante. Ainda assim, há leis nos livrosna maioria dos estados que permitem aos empregadores demitir pessoas com base unicamente em sua orientação sexual. Há muitos lugares onde os senhorios podem despejar inquilinos por serem gays, ou onde podemos ser impedidos de visitar parceiros doentes e compartilhar de seus legados. Inúmeras pessoas, especialmente crianças, encaram medo e abuso todos os dias por causa de sua orientação sexual. 
 
Eu não me considero um ativista, mas eu percebo o quanto eu tenho me beneficiado com o sacrifício de outros. Então, se ouvir que o CEO da Apple é gay pode ajudar alguém lutando para aceitar quem ele ou ela é, ou trazer conforto para quem se sente sozinho, ou inspirar as pessoas a insistir na sua igualdade, então vale a pena trocar  com a minha própria privacidade. 
 
Eu vou admitir que esta não foi uma escolha fácil. Privacidade continua a ser importante para mim, e eu gostaria de segurar uma pequena quantidade dela. Eu fiz na Apple trabalho da minha vida, e vou continuar a passar praticamente todo o meu tempo de vigília focado em ser o melhor CEO que posso ser. Isso é o que nossos colaboradores merecem e nossos clientes, colaboradores, acionistas e parceiros fornecedores merecem, também. Parte do progresso social é entender que uma pessoa não se define apenas por sua sexualidade, raça ou gênero. Eu sou um engenheiro, um tio, um amante da natureza, louco por academia , um filho do Sul, um fanático por esportes, e muitas outras coisas. Espero que as pessoas respeitem o meu desejo de concentrar-me nas coisas que eu estou mais adequado e no trabalho que me traz alegria. 
 
A empresa que eu sou tão feliz por liderar há muito defende os direitos humanos e igualdade para todos. Nós tomamos uma posição firme de apoio a um projeto de lei de igualdade no local de trabalho antes do Congresso, assim como pela igualdade no casamento em nosso estado natal, Califórnia. E nós falamos no Arizona quando o Legislativo daquele estado aprovou uma lei discriminatória contra a comunidade gay. Nós vamos continuar a lutar por nossos valorese eu acredito que qualquer CEO desta empresa incrível, independentemente de raça, sexo ou orientação sexual, faria o mesmo. E eu, pessoalmente, vou continuar a defender a igualdade para todas as pessoas até que meus dedos cansem. 
 
Quando eu chego em meu escritório todas as manhãs, eu sou cumprimentado por fotos emolduradas de Dr. King e Robert F. Kennedy. Não tenho a pretensão de que o que escrevi aqui me coloque neste patamar. Tudo que fiz é permitir-me a olhar para essas imagens e saber que eu estou fazendo a minha parte, mesmo que pequena, para ajudar os outros. Nós pavimentamos o caminho iluminado pelo sol rumo à Justiça juntos, tijolo por tijolo. Este é o meu tijolo.

 

 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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