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X-men é uma visão da história dos gays?

Redação Lado A 22 de Maio, 2006 04h38m

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Eles vivem no submundo, escondidos e lutam contra a hostilidade dos outros que os consideram aberrações. As primeiras manifestações ocorrem durante a adolescência. Vivem isolados ou em comunidades, têm habilidades diferentes, são nascidos de pais “normais” e estão em todos os lugares. Alguns se sentem solitários ou acham que são alvo de alguma maldição e sonham serem “normais”, enquanto outros lutam para que o mundo os aceite. Alguma semelhança?

A descrição acima é dos mutantes dos quadrinhos X-men, da Marvel Comics, que já ganhou desenhos animados e uma trilogia no cinema. Hoje, os quadrinhos criados em 1963 por Stan Lee e Jack Kirby são a principal fonte de renda da empresa que licencia suas criações por todo o mundo.

Além de toda a semelhança no enredo, dois pontos podemos destacar na estória dos X-men, além de algumas especulações sobre a produção.

O personagem Estrela Polar (North Star) é um dos personagens mais antigos, fazendo parte do primeiro grupo encontrado pelo professor Xavier, junto com o Wolwerine.  No início dos anos 90, a Marvel o tirou do armário, assumindo que ele era homossexual e tudo aconteceu de forma natural, sem reclamação dos outros personagens. Até um parceiro foi deslocado para ele mas sempre com muita sutileza ao tratar do assunto sexo. O que foi copiado pelas outras empresas.

Mas a questão do preconceito sempre foi tratada de forma explícita. Em um episódio ele salva um homem de ser espancado por garotos, mas antes eles o chamam de “bichinha canadense”. A resposta do herói é sempre certa, não deixando barato as provocações. Em outro episódio ele adota um bebê. Na série mais nova, ele briga com outro X-men, por esse o tratar mal. É um personagem em ascensão e freqüentemente aparece ao lado dos “principais”. Hoje, Estrela Polar leciona na escola do professor.

Já na versão cinematográfica, um dos pontos mais explícitos do filme, sobre essa mensagem de aceitação X rejeição entre os seres humanos, está no segundo filme da série e envolve o personagem Bobby ou “Iceman” e sua família. Depois que a escola para mutantes é atacada, os alunos do professor Xavier fogem e um grupo vai à casa de Iceman. Lá, Bobby conta aos pais que é mutante. A mãe então pergunta: “Você já tentou… já tentou não ser um mutante?”. Uma pergunta comum feita por pais de jovens homossexuais.

O diretor dos dois primeiros filmes da trilogia, homossexual assumido, Bryan Singer, comenta que a cena foi realmente uma “saída do armário” mal sucedida. “Foi uma oportunidade de se divertir. Mas nem tudo era piada, esse era um momento sensível”.

O ator Ian McKellen é homossexual assumido e dá vida ao vilão Magneto. Antigo amigo do professor Xavier e que vivem em uma relação de amor e ódio. O próprio ator brincou este ano dizendo que sonhava com um final feliz e gay para os dois.

Discussões a parte, a verdade é que a maioria das pessoas não percebem que vivemos hoje em um mundo como o que mostra o enredo de X-men. Estamos divididos de diversas formas em dois grandes grupos, pobres e ricos, brancos e negros, heterossexuais e homossexuais, homens e mulheres… e que ao invés de pregarmos a segregação, poderíamos juntar forças. Essa, aliás, é a principal mensagem dos X-Men.

PS: Além disso, o nome X-men??? Ex-homem? Não né?
 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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