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Um artigo publicado esta semana no The Guardian, um dos maiores jornais da Inglaterra, na coluna destinada aos textos dos leitores, este escrito pelo dramaturgo e cineasta Topher Campbell, chama atenção para uma população distinta: os negros homossexuais. O texto recebeu diversas críticas e até xingamentos mas conseguiu despertar a discussão: jovens gays sofrem em dobro com o preconceito.
“A comunidade negra precisa parar de tratar a homossexualidade como um mal dos homens brancos. Precisamos abraçar a presença vibrante de gays e lésbicas em nossa comunidade”, relata o texto que ressalta que a comunidade apóia a homofobia por questões raciais e religiosas, como se os gays e lésbicas fossem intrusos de uma cultura ocidental branca e decadente. “Muitos acham que nós estamos infectados com um estilo de vida decadente e ocidental, que quer minar de alguma forma a nossa raça”, revela o autor.
“Este pensamento é alimentado pela combinação de ignorância, medo, ódio, homofobia religiosa cristã ou islâmica, e perversamente pelo orgulho racial. Essa combinação mortal de preconceitos nos força a sermos invisíveis em nossa própria comunidade. Ser negro, gay ou lésbica torna mais difícil a nossa saída do armário. O medo de perder a nossa família em uma sociedade racista, e assim a conexão com a nossa cultura, é algo real. E ainda ter que lidar com uma comunidade gay branca faz com que dobre a dificuldade de construir uma identidade ou ser notado”, argumenta o texto.
Campbell ainda recorda diversos casos de violências domésticas e públicas que gays negros sofreram dentro da própria comunidade. Ele reforça que a saída oposta a sair do armário é a de se tornar invisível, permanecer socialmente heterossexual e exercer sua sexualidade às escondidas, criando situações de estresse que podem ser insuportáveis.
O autor relembra que as questões de raça e orientação sexual são inerentes a nossa vontade, o que parece que os leitores não concordaram com a afirmação nos comentários. Mas o problema, acredita, é que os negros homossexuais precisam escolher entre a raça e sua sexualidade, ou seja, viver a sua cultura em sua comunidade ou assumir a sua identidade sexual (orgulho de ser quem são, gays). “Uma não pode ser escondida e a outra não pode ser negada”, diz Campbell.
Nos últimos 10 anos, a comunidade negra inglesa ganhou eventos, publicações, locais até festivais para celebrar a diversidade gay negra, mas que acabam não ganhando destaque na grande mídia e nas próprias comunidades negras e gays. No final, o autor faz um chamado para a comunidade negra despertar e começar a pautar suas demandas, antes que outros façam, e critica que o negro gay já sofre demais para ainda receber o fogo amigo da própria comunidade.
Leia o texto original: http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2009/nov/08/black-gay-invisible
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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