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Osama está morto ou mais vivo do que nunca?

Redação Lado A 02 de Maio, 2011 18h13m

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Na noite deste domingo, os EUA anunciaram a morte do terrorista Osama Bin Laden em uma cidade no Paquistão. A notícia foi dada pelo presidente Barack Obama em rede nacional (às 23h35 no horário de Brasília) e milhares de americanos foram às ruas comemorar o fim de uma caçada de quase 10 anos, desde os atentados de 11 de setembro de 2001, quando o mundo viu as torres gêmeas em Manhattan virarem pó. Segundo Obama, deste agosto passado, agentes da inteligência seguiam uma pista que foi confirmada esta semana. Em uma ação de 40 minutos, agentes invadiram uma mansão próxima a capital paquistanesa, Islamabad, depois de receberem ordem direta de Obama.

Em um discurso ultranacionalista, Obama surpreendeu o mundo. Não pelo anúncio da morte mas por palavras que gelaram quem sabe um pouco de história. “…E hoje, vamos pensar novamente no senso de unidade que prevaleceu em 11/09. Eu sei que ele esteve, por vezes, desgastado. No entanto, a realização de hoje é um testemunho da grandeza do nosso país e a determinação do povo americano. A causa da segurança de nosso país não está completa. Mas hoje, estamos mais uma vez consciente que a América pode fazer o que colocamos em nossa mente. Essa é a estória da nossa história,  é a busca da prosperidade para nosso povo, a luta pela igualdade de todos os nossos cidadãos, nosso compromisso de defender os nossos valores no exterior e os nossos sacrifícios para tornar o mundo um lugar mais seguro. Lembremo-nos que nós podemos fazer estas coisas não só por causa da riqueza ou poder, mas por causa de quem somos: uma nação sob Deus, indivisível, com liberdade e Justiça para todos. Obrigado. Que Deus os abençoe. E que Deus abençoe os Estados Unidos da América”, disse Obama.


O discurso e a reação americana estão carregados de um sentimento de vingança, de superioridade divina. Algo tão próximo ao discurso nazista e dos próprios talibãs. Ninguém fala que o próprio Osama foi treinado pelos americanos nos anos 70/80, para lutar contra a União Soviética, ou mesmo que sua família, uma das mais ricas da Arábia Saudita, negocia petróleo com os EUA. Ele foi morto, assassinado, em uma operação que dura uma década, que custou mais de um bilhão de dólares, mobilizou mais de 900 mil soldados, matou infinitamente mais pessoas que os atentados de 11/09. E chamam de Justiça uma execução.


O corpo foi sepultado no mar, deixaram vazar os militares para a imprensa. Primeiro, falaram que era uma tradição islâmica sepultar em até 24h o corpo, depois afirmaram que não deveriam criar um local de peregrinação. Onde estará o corpo? Mataram mesmo Bin Laden ou acharam seu corpo, o exumaram e afirmam que ele foi morto para dar este gosto de vingança? Ou teria ele se matado frente a eminente captura e os EUA armaram este circo de vitória? Tudo conveniente demais para a reeleição de Obama. Onde estão as fotos e vídeos da operação? E mesmo antes da morte de Bin Laden chegar em todos os cantos, já anunciaram que outro líder do grupo extremista será o homem mais procurado do mundo, emitiram um alerta de provável retaliação da Al Qaeda, ou seja, a guerra continua.


Comemorar nas ruas a morte de Osama é dar uma certeza que as ações terroristas deram certo. A infantilidade de se comemorar uma morte, ainda sem muitas informações, cheia de polêmicas, só aumenta a descrença na verdadeira bandeira dos EUA. Intitulam-se guardiões da liberdade e da democracia, mas não titubearam em matar a sangue frio um homem, que por mais desprezível que fosse, merecia ter um julgamento justo.

Redação Lado A

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Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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