Padre paulista pede afastamento depois de ser censurado por Diocese e é excomungado
Redação Lado A
30 de Abril, 2013
13h52m
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Com 48 anos, o padre Betou ou Roberto Francisco Daniel é formado em Radialismo (pelo Senac-SP), em Teologia pela Universidade Estadual Ludwig-Maximilian de Munique, na Alemanha, além de Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE) e História pela Universidade do Sagrado Coração (USC) ambas em Bauru. Ele continuará sendo professor universitário e vivendo na cidade mas causou polêmica na semana passada ao convocar a imprensa e comunicar seu afastamento da Diocese local. O motivo teria sido gerado após a própria Diocese pedir que o padre se retratasse perante as redes sociais após ter feito manifestações contrárias à igreja católica e apagasse tudo que postou na internet. “Não tenho do que me redimir e muito menos a quem ou do que pedir perdão de tudo aquilo que eu fiz e do que eu declarei na internet. Se refletir é um pecado, eu sou um pecador. Sempre serei um pecador e não vou negar a minha postura de pecador”, disse o ex padre.
Para ele, outros motivos acarretaram na decisão, como de que os sacerdotes são orientados a seguirem regras ultrapassadas que eles próprios não vivem. Outro motivo seria de que a igreja não respeita a liberdade de expressão. “O modelo que temos a seguir é Jesus Cristo. E esse modelo viveu plenamente essa liberdade e não só isso, fez com que as pessoas refletissem e pensassem por si mesmas”, comentou. O padre é um apoiador ferrenho dos gays e da diversidade sexual que corre em sentido oposto aos dogmas da igreja católica. Segundo ele, após a decisão polêmica, muitos de seus fiéis manifestaram apoio à sua escolha. O ex padre Roberto disse ainda que o Papa Francisco veio para promover mudanças e é taxativo ao rever sua decisão dizendo que só retorna ao posto se a igreja “mudar”.
As declarações do ex padre causaram uma resposta rápida na Cúria Romana Paulista que resolveu excomungar no fim desta segunda-feira padre Beto também de seu quadro de fiéis. Em 50 anos de diocese em Bauru, é a primeira vez que alguém é excomungado por lá. Com isso, o ex padre não pode receber sacramentos e tão pouco ministrar sua fé. A expulsão foi dada quando o padre pediu seu afastamento na Cúria nesta segunda feira, quando enfrentou um tipo de tribunal eclesiástico. Ele ainda é padre até que o Vaticano envie um documento oficial de seu afastamento. A diocese porém ofereceu seu perdão, caso ele se arrependa de suas atitudes e palavras.
Veja o polêmico comunicado enviado pela Diocese de Bauru às paróquias locais chamando Padre Beto de traidor:
Comunicado ao povo de Deus da Diocese de Bauru
“É de conhecimento público os pronunciamentos e atitudes do Reverendo Pe. Roberto Francisco Daniel que, em nome da “liberdade de expressão”, traiu o compromisso de fidelidade à Igreja a qual ele jurou servir no dia de sua ordenação sacerdotal. Estes atos provocaram forte escândalo e feriram a comunhão eclesial. Sua atitude é incompatível com as obrigações do estado sacerdotal que ele deveria amar, pois foi ele quem solicitou da Igreja a Graça da Ordenação. O bispo diocesano, com a paciência e caridade de pastor, vem tentando há muito tempo diálogo para superar e resolver de modo fraterno e cristão esta situação. Esgotadas todas as iniciativas e tendo em vista o bem do Povo de Deus, o bispo diocesano convocou um padre canonista perito em Direito Penal Canônico, nomeando-o como juiz instrutor para tratar essa questão e aplicar a ‘Lei da Igreja’, visto que o padre Roberto Francisco Daniel recusa qualquer diálogo e colaboração. Mesmo assim, o juiz tentou uma última vez um diálogo com o referido padre que reagiu agressivamente, na Cúria Diocesana, na qual ele recusou qualquer diálogo. Esta tentativa ocorreu na presença de cinco membros do Conselho dos Presbíteros.
O referido padre feriu a Igreja com suas declarações consideradas graves contra os dogmas da Fé Católica, contra a moral e pela deliberada recusa de obediência ao seu pastor (obediência esta que prometera no dia de sua ordenação sacerdotal), incorrendo, portanto, no gravíssimo delito de heresia e cisma cuja pena prescrita no cânone 1364, parágrafo primeiro do Código de Direito Canônico, é a excomunhão anexa a estes delitos. Nesta grave pena o referido sacerdote incorreu de livre vontade como consequência de seus atos.
A Igreja de Bauru se demonstrou Mãe Paciente quando, por diversas vezes, o chamou fraternalmente ao diálogo para a superação dessa situação por ele criada. Nenhum católico e muito menos um sacerdote pode-se valer do “direito de liberdade de expressão” para atacar a Fé, na qual foi batizado.
Uma das obrigações do bispo diocesano é defender a Fé, a Doutrina e a Disciplina da Igreja e, por isso, comunicamos que o padre Roberto Francisco Daniel não pode mais celebrar nenhum ato de culto divino (sacramentos e sacramentais, nem mais receber a Santíssima Eucaristia), pois está excomungado. A partir dessa decisão, o juiz instrutor iniciará os procedimentos para a “demissão do estado clerical, que será enviado no final para Roma, de onde deverá vir o decreto.
Com esta declaração, a Diocese de Bauru entende colocar “um ponto final” nessa dolorosa história.
Rezemos para que o nosso padroeiro Divino Espírito Santo, que nos conduz, ilumine o padre Roberto Francisco Daniel para que tenha a coragem da humildade em reconhecer que não é o dono da verdade e se reconcilie com a Igreja, que é Mãe e Mestra.
Bauru, 29 de abril de 2013.
Por especial mandado do bispo diocesano, assinam os representantes do Conselho Presbiteral Diocesano.”
Veja a renúncia que o padre publicou no You Tube:
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