Em entrevista ao jornal O Globo, publicada na semana passada, o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, afirmou que a Igreja precisa mudar e defendeu a legalização das uniões entre pessoas do mesmo sexo. “Como as pessoas, a Igreja procura ler os sinais dos tempos, para ver o que se deve ou não mudar”, afirmou o religioso que comentou um ano depois que uma resolução do Conselho Nacional de Justiça possibilitou o registro de uniões de pessoas do mesmo sexo no país, na forma de matrimônio. À época, a CNBB chegou a afirmar que o casamento era uma instituição sagrada, entre homem e mulher, com objetivo da procriação.
Ao comentar a declaração do papa Francisco “Quem sou eu para julgar um homossexual que procura Deus?”, dom Leonardo Steiner afirma: “Pode-se dizer que o Papa faz eco ao que o Catecismo da Igreja Católica diz a respeito das pessoas homossexuais: “Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta”. Entende-se que acolher com respeito, compaixão e delicadeza significa caminhar e estar junto da pessoa homossexual e ajudá-la a compreender, aprofundar e orientar a sua condição de filho, filha de Deus.
Ele defende ainda que é preciso deixar os preconceitos de lado e compreender o tema. “É importante compreender as uniões de pessoas do mesmo sexo. Não é um interesse qualquer quando se trata de pessoas. É necessário dialogar sobre os direitos da vida comum entre pessoas do mesmo sexo, que decidiram viver juntas. Elas necessitam de um amparo legal na sociedade”, afirmou dom Steiner. Para ele, o Congresso deveria reconhecer o casamento e não o Judiciário e a mudança e busca por respostas deve acompanhar os tempos.