Na minha adolescência, sofri e foi desrespeitado muito por ser gay, em função da ignorância dos outros. Levaram-me em tudo quanto é lugar em busca de uma suposta “cura”: no médico, na igreja católica, na igreja evangélica, no centro de umbanda, no bordel… até me fizeram tomar leite de égua no colostro, na crendice de que eu viraria “macho”. Tudo em vão, continuei e continuo sendo gay.
A experiência que tive na adolescência foi um dos fatores que me motivou a lutar pelos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). Eu quero que haja mudanças sociais o suficiente para que outras pessoas não passem pelo que eu passei só por terem uma orientação sexual ou uma identidade de gênero diferente da heteronorma. Quero que a diversidade humana como um todo seja respeitada.
Comecei a participar do movimento LGBT ainda nos anos 1980, no Brasil e também no exterior durante o período que morei na Europa. De volta no Brasil, em 1992 em Curitiba, fui um dos fundadores e primeiro presidente do Grupo Dignidade, a primeira entidade LGBT do Paraná.
Em 1995, fui uma das pessoas fundadoras e primeiro presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Fundada por 33 grupos, hoje a ABGLT tem 308 organizações afiliadas em todo o Brasil.
Através do Grupo Dignidade e da ABGLT, tenho atuado muito em prol da promoção da cidadania plena das pessoas LGBT. Participei ativamente da elaboração do Programa Brasil Sem Homofobia (2004) e da organização da I Conferência Nacional LGBT (2008). Em 2010 recebi da mão do Presidente Lula o Prêmio de Direitos Humanos – Categoria LGBT. Em 2011, fui eleito conselheiro da primeira gestão do Conselho Nacional LGBT. Atuei muito junto aos ministros do Supremo Tribunal Federal para que fosse reconhecida a igualdade de direito em relação à união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Sou casado com meu marido David há 25 anos e somos pais de três filhos, de 13, 11 e 9 anos. Defendemos a família de todos os amores e todas as cores.
Sou professor, formado em Letras pela UFPR, especialista em Sexualidade Humana, mestre em Filosofia e doutor em Educação. Minha tese de doutorado foi sobre homofobia em escolas de Curitiba.
Além dos direitos humanos, sempre tenho tido uma forte atuação na área da saúde e da educação, e essas são as principais plataformas de minha candidatura nas eleições de 2014.
Fui convidado em função da minha trajetória nessas áreas a ser candidato este ano. Aceitei o desafio porque acredito muito na importância do debate acerca de assuntos “polêmicos”, como as questões LGBT, para provocar reflexão e impulsionar mudanças na opinião pública favoráveis às causas que defendo.
Entre outras proposta da candidatura, tenho as seguintes propostas para a comunidade LGBT paranaense:
• Contribuir para que o Paraná seja um território que respeite a diversidade humana, inclusive a diversidade sexual;
• Atuar para garantir a implementação de programas por uma educação inclusiva, não discriminatória e com perspectiva de gênero, raça/etnia, orientação sexual e identidade de gênero;
• Trabalhar para assegurar o atendimento integral à saúde de toda a população, com ênfase nas mulheres, na população LGBT, na população negra, nas pessoas com deficiência e nas pessoas vivendo com HIV e aids;
• Apoiar a implementação do tripé da cidadania LGBT no Paraná: Plano Estadual LGBT, Coordenadoria LGBT e Conselho LGBT;
• Trabalhar pelo respeito à diversidade religiosa e ao Estado laico;
• Posicionar-se e exigir providências sempre que houver casos de discriminação por orientação sexual e/ou identidade de gênero e apoiar o movimento social LGBT paranaense.
Na minha atuação, sempre tive como diretriz o respeito aos princípios constitucionais da igualdade, da liberdade e da dignidade humana, assim como os valores da autonomia, do acesso e das oportunidades. Somos todos/as livres e iguais em dignidade e direitos, pois a nossa sociedade paranaense é plural e diversa.
Por isso o lema da minha candidatura é Respeito.
Toni Reis (65.123) é candidato a deputado estadual no Paraná, pelo PC do B