Redação Lado A | 28 de Outubro, 2014 | 14h33m |
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O imperador tinha 34 anos a mais do que seu predileto, e durante uma visita ao Egito, quando os locais celebravam culto a Osíris, pedindo abundância nas cheias do Nilo. Conta a história que o momento era de profunda revolta, uma vez que as duas últimas cheias não foram suficientes para fertilizar as margens plantadas e que os constantes saques da produção local por parte do Império Romano não agradavam os locais. Eis que em uma noite Antinoo é encontrado afogado no rio. Não se sabe exatamente se ele foi assassinado, se caiu no Nilo, ou se foi sacrificado, de boa vontade ou não. Sabe-se porém da lenda de que pessoas mortas no rio ou sacrifícios, eram consideradas como tomadas por Osíris.
O imperador chorou desesperadamente ao saber da morte de seu acompanhante e foi consolado pelos sacerdotes locais que contaram da lenda de Osíris. Adriano então decidiu transformar Antinoo em um Deus. Transformou o local de sua morte em Antinoópolis, ergueu estátuas e obeliscos, cunhou moedas, criou uma religião de culto ao amado por toda Roma, lançando o jovem eternamente para a história, arte e para o rol de deuses romanos, uma das mais lindas manifestações de amor. A versão mais romântica diz ainda que Antinoo se ofereceu como sacrifício para garantir a paz no reino e a prosperidade de seu amado. Alguns dizem ainda que o jovem se matou pois estava perdendo sua juventude e a atenção do imperador.
Em 30 de outubro de 2002, Antonius Subia, um norte Americano de Los Angeles, ergueu em sua sala de jantar um altar para Antinoo e fundou o que chama igreja moderna de Antinoo, ou Eclesia Antinoi, uma religião gay que realiza cultos ao deus pagão e realiza a cada 4 anos jogos virtuais em homenagem ao antigo deus romano, como na tradição antiga. “Que a beleza de Antinoos esteja conosco”, diz a saudação final de dos textos do site oficial da organização que atua fortemente na internet, retransmitindo as celebrações ao vivo.
“Quase 2000 anos de silêncio e repressão, então Antinoo será novamente venerado por pessoas gays de todo o mundo”, diz o texto do site da Igreja que não pede filiação oficial mas apenas o culto ao seu Deus. A igreja lamenta a perda do elo com a Igreja do passado e assume que apenas herdou a fé e que sua liturgia é baseada no culto pagão, mas não diretamente no que era realizado nos templos Antinoonianos, optando pela liberdade de manifestação em todas as suas formas para venerar o belo. Resgatando fragmentos ou criando formas modernas de espiritualidade gay o grupo quer se popularizar no mundo. Recentemente dois brasileiros ganharam os jogos de culto a Antinoo e já há interessando em trazer a religião para o Brasil.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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