Peça de teatro em Curitiba foi interrompida por homofobia e rapaz inconveniente foi expulso

Algo parecido com o que ocorreu no Rio de Janeiro na semana passada, quando o ator Ney Latorraca precisou interromper o espetáculo “Entredentes” por causa de uma senhora que o insultou por ser homossexual. Em Curitiba, no final de setembro, os atores da peça “Descaso de Amor”, artistas precisaram chamar a segurança para retirar um rapaz que os xingava. O espetáculo fala de do fim da relação de mais de 20 anos entre dois homens, de sentimentos, amor, traição, lealdade, fidelidade e não tem cena de sexo. O texto é de Anderson Ribas, protagonista da montagem ao lado do também experiente ator Rogério Bozza(à esq.).

O espetáculo com direção Marino Júnior ficou em cartaz no Teatro Lala Schneider, um dos mais tradicionais da capital paranaense, por dois meses.No final de setembro, um rapaz muito alterado começou a comentar a peça em voz alta. “Agora vão se agarrar”, “agora vão se beijar”, “beija logo pô”, dizia o rapaz segundo Bozza. Os atores continuaram o espetáculo mesmo com a intervenção mal educada até que o rapaz não identificado disse: “As bichonas vão se agarrar”, insultando os personagens e os atores. “Agora chega, eu não consigo continuar o espetáculo com esses tipos de ofensas”, declarou o ator, interrompendo a cena e chamou os seguranças para retirarem o rapaz do teatro.O homem ainda teria esperado até o final da peça do lado de fora mas os atores ficaram tão assustados que preferiram sair por outro lado, pela saída de emergência, para não complicar ainda mais a situação. Segundo Bozza, o rapaz ficou jogado na calçada e não aparentava estar bem.

“Chegamos até mesmo a ficar preocupados com uma possível futura retaliação em outras apresentações, mas conseguimos cumprir a temporada sem maiores problemas, pelo contrário, com um público que entendia ser o espetáculo direcionado para qualquer tipo de casal, seja hétero, homo, ou qualquer relação de amor, ciúmes, desconfiança, cobranças e traições…” declarou o ator para a Lado A,ele afirmou ainda que apesar de ter o costume de respeitar as emoções da plateia, desta vez não foi possível segurar. “Fiquei pensando que quando estamos em um palco estamos tão expostos, que se um desses homofóbicos entrar armado no teatro ele é capaz de atirar em quem tá em cena… Nos dias de hoje isso é inconcebível”, afirmou o profissional que se disse surpreso pois nunca presenciou nada parecido em sua carreira de ator.