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Conheça a história de Milla, o menino trans de 9 anos que está emocionando o mundo

Redação Lado A 16 de Fevereiro, 2015 20h39m

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No final de janeiro, os pais de Milla Brown, de apenas 9 anos, de Brisbane, na Austrália, contaram ao mundo a história de seu filho nascido em 2005.  A mãe, Renee Fabish Brown revela que foi motivada a dividir a sua história para ajudar a quebrar as dificuldades de famílias que tem filhos transexuais. O doce Milla hoje é exemplo de como pais comprensivos podem fazer a diferença na vida de um filho ou filha com disforia de gênero. Mas o início foi complicado, a família se uniu, procurou ajuda e viu o que era melhor para o filho.

Desde muito pequena, Milla não se aceitava como menina, e aos poucos foi aprendendo com a sua família que era diferente. Com o apoio de todos, hoje é feliz e já faz sua terapia para ser um menino. “Para nós mudaram apenas os pronomes”, diz a mãe que não aceitou que o filho figurasse nas tristes estatísticas que rondam as vidas dos indivíduos transexuais por conta da falta de aceitação e preconceito.

O vídeo é singelo e narra uma história comum mas com final feliz. Além de uma narrativa, é um pedido de ajuda, para que Milla não sofra fora de casa o preconceito do mundo, é um chamado para que as pessoas se informem, tenham compaixão e sejam gentis. Com Milla, com todos, com o mundo. Apesar de sofrer preconceito na escola, conforme narra, Milla toma corajosamente a decisão de se assumir menino e ser quem é.

Fofo!

 
 
Confira o vídeo emocionante e nossa tradução total abaixo:

Tradução Exclusiva Lado A:

Em novembro de 2004, eu descobri que estava grávida de um segundo filho. 
 
No exame das 20 semanas, ficamos felizes ao saber que esperávamos uma outra menina.
 
No dia 15 de maio de 2005, ficamos encantados ao dar boas vindas a chegada de Milla Taige Brown.
 
Ela era saudável, feliz, e cheia de personalidade.
 
Desde pequena, aos 2 anos, ela se chamava de menino menina – uma menina que só gostava das coisas de meninos.
 
Desde pequena, ela ensistia em usar cueca, pijama e roupas de meninos.
 
Decisimos que não teríamos problema com isso. Então ela era o Batman, Bob o Construtor e Tartarugas Ninjas…
 
Milla nunca brincava com bonecas, Milla sempre preferiu caminhões e trens… E todas as coisas de garotos.
 
 
 
Aos 6 anos de idade, Milla se recusou a usar roupas de meninas.
 
Todos nos diziam que era uma fase, todos diziam que ela era uma menina “masculinizada” e que ela iria crescer e passar. O problema é que as fases acabam e a maioria das meninas “moleques” não querem ser meninos. 
 
Constantemente, Milla pedia para ter o seu cabelo cortado, um dia eu cedi finalmente. Ela ficou muito feliz.
 
Um dia Milla veio chorando perguntado se não havia um remédio para fazer ela virar menino. 
 
Ela comecou a fazer comentários como “por que eu nasci assim?” , “Eu quero ser um menino, não apenas parecer com um, eu quero ser um menino de verdade”. 
 
Eu pude ver Mila lentamente se tornando mais apática e depressiva. Ela ia para a cama chorando todas as noites.
 
Ela começou a ficar encucada com o fato de seus seios começarem a crescer e disse “se eu tiver peitos eu os cortarei fora”. 
 
Não era apenas uma fase.
 
 
Algo precisava ser feito. Levamos Milla para ver um endocrinologista e um psiquiatra infantil para uma série de testes.
 
Milla foi diagnosticada com Disforia de Gênero.
 
Seu gênero constatado no nascimento não se alinha com o que ela sente por dentro. Milla nasceu menina, mas o seu cérebro a identifica como menino.
 
É algo que esta em sua genética. Não foi causado ou encorajado por nós pais.
 
Não é algo a que ela foi influenciada e não é algo que ela pode ser desvencilhada.
 
É assim que é.
 
 
Como pais, prometemos amar nossos filhos incondicionalmente.
 
Fomos orientados pelos médicos de Milla a permitir que a transição fosse feita o quanto antes.
 
Não temos dúvida em nossas mentes de que Milla deseja ser reconhecida como menino.
 
A única coisa que mudou para nós foram os pronomes.
 
Nós apoiamos ELE de todo coração
 
Uma assustadora parcela da nossa comunidade transexual sofre de problemas mentais causados pela falta de aceitação e bullying constante que eles estão sujeitos todos os dias.
 
Por volta da metade tenta o suicídio ou se fere. Não temos a intenção de deixar nosso filho fazer parte desta estatística.
 
Todos nós podemos equipar nossos filhos para lidar com pessoas de mente pequena.
 
Ser transexual não é uma escolha.
 
Acredite, não é uma vida que você escolheria para o seu filho.
 
 
“Oi. Eu sou Milla, não é facil ser eu. Eu tenho disforia de gênero. Eu sinto que eu estou no corpo errado. Estou tendo um momento muito ruim na escola agora, as crianças mexem comigo o tempo todo. 
 
Eles me chamam de shin (traveco), gay girl (garota gay) e deweirdo (o esquisito). As pessoas não mr entendem e ninguém quer ser meu amigo. 
 
Eu quero que as pessoas me aceitem como eu sou. Eu tenho muita sorte de ter uma família incrível que me apóia 100%.
 
Então eu decidi dar o próximo passo e, a partir de hoje, vou viver e ser conhecido como menino. Espero receber o seu apoio”.

 

 
Nosso filho merece ter o direito de ser feliz assim como todos os outros.
 
Esta é a nossa família. E este é o nosso filho incrível.
 
E ele continua saudável, cheio de persnalidade e, agora, extremamente feliz.
 
Todos travam lutas as quais você não sabe nada. Lembre-se de ser sempre gentil.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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