Em dezembro e em fevereiro, a imprensa brasileira repercutiu dois blogs da internet onde supostamente homossexuais ensinavam e se vangloriavam de transmitir o vírus HIV a outras pessoas sem que eles soubessem. Para a Unaids, órgão que cuida da questão do HIV e Aids dentro das Nações Unidas, a possibilidade de aumento da discriminação a pessoas que vivem com o HIV é “preocupante. “A UNAIDS exprime preocupação com notícias divulgadas na imprensa e seu impacto no aumento de discriminação relacionada a pessoas que vivem com o HIV”, intitula-se a nota divulgada para a imprensa na semana passada.
UNAIDS exprime preocupação com notícias divulgadas na imprensa e seu impacto no aumento de discriminação relacionada a pessoas que vivem com o HIV
Brasília, 27 de fevereiro de 2015 – O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) expressa preocupação com as recentes notícias divulgadas na imprensa sobre possíveis casos de transmissão intencional do HIV, considerando seu impacto no aumento do estigma e preconceito relacionados ao HIV e as pessoas que vivem com o vírus.
Além de ter caráter sensacionalista e alarmante, as denúncias de veiculadas nos meios de comunicação têm se baseado em informações contidas em fontes de credibilidade questionável na internet, como sites desconhecidos, blogs e perfis anônimos. De forma extremamente equivocada, as reportagens têm tratado, sem distinção, as práticas sexuais consentidas entre adultos sem o uso de preservativos (conhecidas como bareback e que não se limitam a casais homossexuais) e os possíveis casos de transmissão intencional do HIV.
O UNAIDS defende o uso do preservativo como método de prevenção do HIV. O UNAIDS defende também o direito de todos os indivíduos de exercerem sua sexualidade de forma plena, o que inclui a escolha das estratégias e métodos mais adequados de prevenção.
Entre os avanços científicos e médicos recentes em relação ao HIV, é importante destacar o fato de que o tratamento efetivo e consistente ampliou a expectativa e a qualidade de vida das pessoas vivendo com o vírus. Além disso, foi demonstrado que essa abordagem pode reduzir o risco de transmissão do HIV em até 96%.
O UNAIDS destaca também que não há nenhuma evidência de que o uso de leis criminalizantes em relação ao HIV seja uma ferramenta efetiva de prevenção e resposta à epidemia. Por outro lado, há fortes indícios de que o medo de serem processados ou presos pode desencorajar as pessoas a se testarem para o HIV ou a se manterem em tratamento.
O UNAIDS defende os princípios de Zero Discriminação, o respeito às pessoas vivendo com HIV e a defesa de seus direitos. O UNAIDS também defende o respeito à diversidade. Todos brasileiros e brasileiras devem ter garantidos seus direitos a uma sexualidade saudável e ao acesso a insumos de prevenção, testagem, tratamento, cuidado e apoio em relação ao HIV.
O UNAIDS considera que o papel da imprensa é o de informar e promover debate sobre as questões importantes para a sociedade. Portanto, convidamos a imprensa e toda a sociedade a discutir a questão do HIV de forma clara e imparcial, sem estigmas ou preconceitos.