A polícia ainda não prendeu quem colocou fogo na noite de 27 de dezembro em Natasha Correa, 37 anos, na Avenida Victor Ferreira do Amaral, em Curitiba. Sabe-se que um carro a abordou na esquina da rua Paulo Kissula e que jovens saíram do veículo, jogaram gasolina nela e atearam fogo na transexual na madrugada daquele domingo. Nascida em Colombo e rejeitada pela família desde a adolescência, ela passou dois meses internada no Hospital Evangélico, referência no tratamento de queimados em Curitiba.
Sem apoio, contou que a maior alegria de sua vida eram as raras visitas que fazia para a mãe, que por vezes ou outra a recebia. As drogas foram outro refúgio que a acolheu e ela havia decidido parar, depois de perder tudo que tinha e ter que viver na rua.
Mas naquela noite tudo lhe foi tirado. Com queimaduras de segundo e terceiro grau, principalmente nas costas e braços que continuaram queimando até o final. Ela teria dito o nome de um ex cliente que poderia ser responsável pelo ataque mas a polícia não apresentou o suspeito e o caso foi transferido de delegacia misteriosamente.
Além da brutalidade e sofrimento, a morte de Natasha nos aponta outro problema. O tratamento dispensado à cura das queimaduras desta transexual foi humano e suficiente? Porque ela não teve acesso a um tratamento eficiente, talvez em câmara hiperbárica, que teria ajudado em sua recuperação? Por que seu assassino não é revelado?
A prefeitura de Curitiba e o Transgrupo Marcela Prado prestaram acompanhamento ao caso, até que na madrugada desta terça-feira ela veio a óbito, no hospital. Seu corpo foi liberado pelo Transgrupo, com apoio da Secretaria Especial de Direitos Humanos, pois a família não apareceu.
Natasha foi morta várias vezes. A vida não a poupou de rejeições e suspeitas. A vida não lhe deu a paz que talvez a sua morte traga. Descanse Natasha, e perdão por todos nós.