O Editor Chefe do The Sydney Morning Herald, Darren Goodsir, escreveu um pedidos de desculpas oficial à comunidade LGBT por conta de uma capa homofóbica do jornal, 40 anos atrás, sobre a 1ª Parada do Orgulho da cidade australiana, em 1978. Na época, cerca de 500 pessoas saíram às ruas para protestar contra as leis anti gays do país e, mesmo com autorização da prefeitura, os policiais prenderam 53 manifestantes. Há relatos de violência e abuso policial na prisão arbitrária. O jornal divulgou o nome e profissão de todos eles, fazendo com que muitos saíssem do armário publicamente e perdessem seus empregos.
Mesmo a homossexualidade sendo descriminalizada em 1984, o jornal só veio a público falar sobre o caso agora, período em que a Austrália comemora o mês do Orgulho LGBT e o seu famoso Mardi Gras. Em nota oficial, Goodsir escreveu: “Em 1978, o jornal reportou nomes, endereços e profissões das pessoas detidas durante os protestos a favor do avanço dos direitos gays. A publicação, naquela época, seguia os costumes e práticas do seu tempo. Nós reconhecemos e pedimos desculpas pela dor e pelo sofrimento causado pela reportagem. Aquilo nunca aconteceria hoje em dia”.
Ele ressaltou também que a empresa que detinha os direitos sobre o periódico na época, entrou em contato com todas as pessoas e famílias para fazer um pedido de desculpas formal. Em resposta, muitos dos manifestantes aceitaram as intenções mas ressaltam que nada vai reparar as perdas dos tempos que passaram, comentando inclusive sobre pessoas que se suicidaram depois do incidente. Os sobreviventes ouviram ainda um pedido de desculpas oficial do Parlamento australiano pelo episódio mas ainda esperam um pedido formal de desculpas da polícia de Sidney.
Será que a Veja, a Folha de São Paulo e O Globo vão fazer isso algum dia? Principalmente com os homossexuais expostos no auge da epidemia da Aids? E os militares? E os médicos que promoviam cura gay com eletro choques?
Em Curitiba, o jornal a Tribuna do Paraná noticiou assim, em 1992, a fundação do Grupo Dignidade, pioneiro na luta pelos direitos LGBT: “Aberto o Sindicato dos Veados”. Nunca é tarde para reparar os próprios erros.