O Oscar 2016 foi repleto de polêmicas e campanhas de boicote. A ação #whysowhite questionava a ausência da representatividade negra entre os indicados para os prêmios. Com ela, veio a sugestão de boicote por parte da classe artística. A cantora e performista transexual britânica Anohni, indicada pela sua música Manta Ray na categoria de Melhor Canção, decidiu não comparecer ao evento. Segundo ela, a cerimônia não abre espaço para a comunidade trans, mais além, é também um espaço degradante de repressão.
Sua música faz parte do documentário Race Extinction, e ela foi indicada pela parceria com Joseph Ralph. Líder da banda Antony and the Johnson, a principal preocupação da artista foi a falta de um convite para performar no evento, onde seus concorrentes se apresentaram – Lady Gaga, Sam Smith, que venceu a disputa com Writing’s on the wall, e The Weekend também concorreram na mesma categoria e fizeram shows. Confira o desabafo da cantora:
“Todo mundo me disse que mesmo assim eu deveria comparecer, que andar pelo tapete vermelho seria ‘bom para a minha carreira’. Na noite passada, tentei me forçar a entrar em um avião com destino a Los Angeles para o evento. Mas o sentimento de constrangimento e raiva me fizeram recuar. Eu imaginei como me sentiria ao me sentar entre todas aquelas estrelas de Hollywood, com alguns corajosos me abordando com expressões tristes e condolentes. Lá estava eu, lembrando-me das recentes afirmações da América de que eu não sou adequada por ser uma pessoa trans. Eu dei meia volta e saí do aeroporto”.
Ela afirmou que acredita, sim, que a decisão tenha sido transfóbica.
“Não é um evento isolado, mas uma série de eventos que ocorre ao longo dos anos e cria um sistema que buscou me minar, primeiro por ser uma criança feminina, e depois, por ser uma mulher trans andrógena. É um sistema social de opressão e oportunidades diminutas implantado pelo capitalismo norte americano que ajuda a destruir os sonhos e o espírito coletivo de pessoas transexuais”, desabafa.
Apesar de chamado de Oscar da Diversidade, a edição deste domingo do 50° Oscar foi constatemente uma prova da supremacia branca heteronormativa, apesar do de algumas indicações e presença de minorias. Carol e A Garota Dinamarquesa concorreram em diversas categorias, este último filme, sobre Lili, a primeira trans operada da história moderna, venceu na categoria Melhor Atriz Coadjuvante para Alicia Vikander.
Confira a música Manta Ray:
Confira os premiados da noite:
ROTEIRO ORIGINAL
“Spotlight: Segredos Revelados”
ROTEIRO ADAPTADO
“A Grande Aposta”
ATRIZ COADJUVANTE
Alicia Vikander, “A Garota Dinamarquesa”
FIGURINO
“Mad Max: Estrada da Fúria” – Jenny Beavan
DESIGN DE PRODUÇÃO
“Mad Max: Estrada da Fúria”
MAQUIAGEM E CABELO
“Mad Max: Estrada da Fúria” (Lesley Vanderwalt, Elka Wardega e Damian Martin)
FOTOGRAFIA
“O Regresso” (Emmanuel Lubezki)
MONTAGEM
“Mad Max: Estrada da Fúria” (Margaret Sixel)
EDIÇÃO DE SOM
“Mad Max: Estrada da Fúria”
MIXAGEM DE SOM
“Mad Max: Estrada da Fúria”
EFEITOS VISUAIS
“Ex Machina”
CURTA DE ANIMAÇÃO
“Bear Story”
ANIMAÇÃO
“Divertida Mente”
ATOR COADJUVANTE
Mark Rylance, “Ponte dos Espiões”
DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM
“A Girl in the River: The Price of Forgiveness”
DOCUMENTÁRIO
“Amy”
CURTA-METRAGEM
“Stutterer”
FILME ESTRANGEIRO
“O Filho de Saul” (Hungria)
CANÇÃO ORIGINAL
“Writing’s On The Wall”, de “007 contra Spectre” (Jimmy Napes/Sam Smith)
TRILHA SONORA ORIGINAL
“Os Oito Odiados” (Ennio Morricone)
DIREÇÃO
Alejandro G. Iñarritu, “O Regresso”
ATRIZ
Brie Larson, “O Quarto de Jack”
ATOR
Leonardo DiCaprio, “O Regresso”
FILME
“Spotlight – Segredos Revelados”