A tarde da última quinta-feira, 25, foi histórica para os homossexuais italianos. A união civil entre pessoas do mesmo sexo passou pela aprovação do Senado. Entretanto, tal feito só aconteceu por que a base governista aceitou fazer mudanças no texto da lei, onde se retirou a obrigação de fidelidade e o direito ao registro do enteado. A decisão não agradou nem à Igreja e nem aos movimentos sociais. O texto passa, agora, por aprovação da Câmara dos Deputados, em que o governo tem ampla maioria.
Em uma manobra política para evitar emendas no projeto de lei e obstrucionismos no debate sobre a união homoafetiva, o governo de Matteo Renzi colocou o texto ao voto de confiança da Câmara Alta. Dessa forma, a lei ganha preferência nas discussões e o processo de votação é mais ágil.
Para que a união civil entre homossexuais fosse aprovada, os partidos de esquerda sofreram forte pressão dos partidos de direita, que não concordavam com dois pontos do texto: a exigência de fidelidade e a adoção de enteados. Este último diz respeito ao registro de filhos do parceiro em casos de ausência do outro pai biológico, o que garante a assistência à criança em caso de morte do pai. Já o primeiro exige que os membros do casal sejam fiéis, entretanto, para os conservadores, essa definição serve apenas para o “matrimônio”, que na Itália é destinado apenas aos heterossexuais.
Dessa forma, por mais que a aprovação tenha sido uma vitória, ela veio com um gosto de derrota, uma vez que o texto aprovado ainda coloca os homossexuais como cidadãos inferiores. A senadora Monica Cirinnà, redatora do projeto, afirma que é um primeiro passo, e que novas lutas serão travadas. “É um primeiro passo, uma vitória com um buraco no coração. Essa é uma lei importantíssima, mas penso nos filhos de tantos amigos. Agora devemos dar um segundo passo, estamos na metade da escada”, afirmou ela.
A lei deve passar, agora, por aprovação na Câmara dos Deputados, onde a base aliada é mais forte e espera-se que o texto ganhe reconhecimento sem muitas dificuldades.