Você já parou para pensar sobre como é viver a homossexualidade aos 60 anos? Um estudo publicado na revista Social Science & Medicine aponta que é bem mais difícil ser gay depois dos 50 anos. Problemas como depressão são comuns e o sentimento de invisibilidade e irrelevância social aumentam.
Essa fase é retratada no filme O amor é estranho, do roteirista brasileiro Maurício Zacharias, de 2014. Na trama, ele mostra como um casal gay de mais de 50 anos sofre um preconceito duplo por resolver se casar depois de quatro décadas juntos. A história conta os problemas enfrentados por George e Ben ao decidirem oficializar a união. George perde seu emprego de professor em uma escola católica e ambos precisam encontrar novas maneiras de conseguir dinheiro para levarem uma vida juntos. Curiosamente, o preconceito se refletiu na classificação indicativa do filme nos Estados Unidos, que ficou em 17 anos, sem nenhuma justificativa. “Se fosse com um casal heterossexual, com certeza a classificação seria diferente”, afirma o roteirista em entrevista ao O Globo.
A idolatria da juventude, do corpo sarado, baladas, drogas, álcool e sexo são excessivamente presentes na comunidade gay. Dessa forma, segundo a pesquisa liderada por Richard G. White, há uma espécie de preconceito contra o próprio corpo e sua própria situação. No estudo, os especialistas acompanharam a vida de 312 homens homossexuais na faixa dos 61 anos, entre 2012 e 2013, e avaliaram o nível de aceitação do preconceito internalizado contra gays idosos.
Eles batizaram a taxa de discriminação etária gay internalizada, ou DEGI. Há certa relação entre a depressão e uma alta taxa de DEGI. Os pesquisadores afirmam que quanto maior o DEGI, maior a probabilidade de depressão do idoso. Mas não se deixe enganar. O número de histórias positivas de ativistas e celebridades é numeroso: Ian Mckellen, Luiz Mott, Marco Nanini, Nei Latorraca, João Silvério Trevisan, entre muitos. Cada um tem a sua história, mas podemos aprender muito com a dos outros. Siga os exemplos felizes.