O torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, morto por um câncer em outubro passado, foi mencionado em discurso de voto do deputado federal Jair Bolsonaro no processo de admissão do impeachment presidencial neste domingo. Pesa sobre Ustra a brutalidade e desumanidade de suas torturas realizadas no DOI-Codi-SP, nos anos 70. Ele quem torturou a presidente Dilme Rousseff, e é acusado de lhe arrancar dentes com socos. O torturador, o primeiro militar julgado após o fim da ditadura, ainda colocaria ratos vivos nas vaginas das presas políticas como forma de tortura, uma grávida, inclusive, e tinha o hábito de aplicar eletrochoques nas suas vítimas.
“Perderam em 1964, perderam agora em 2016. Pela família e pela inocência das crianças em sala de aula, o que o PT nunca teve. Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff…”, declarou o parlamentar.
A Ordem dos Advogados do Brasil Seção Rio de Janeiro (OAB-RJ) vai acusar Bolsonaro de crime de apologia à tortura, e vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedir a cassação do mandato do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Espera-se que a OAB nacional questione a imunidade parlamentar e ainda entre com representação na Corte Interamericana de Direitos Humanos.
“O que ele fez ali é como um deputado subir no parlamento alemão para exaltar Hitler e defender a morte dos judeus. A apologia à tortura, ao fascismo e a tudo que é antidemocratico é intolerável”, afirmou o presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, é filho do desaparecido político Fernando Santa Cruz. “Qual é o limite efetivo dessa expressão de imunidade no parlamento? Eu posso defender o crime, a ilegalidade? Eu sempre achei o deputado Bolsonaro uma figura folclórica. Mas ele está virando um porta-voz do ódio”, afirmou o advogado.
Minutos depois de declarar seu voto, Bolsonaro foi alvo de um cuspe de Jean Wyllys, depois chamar o deputado gay que votava de “boiola” e “queimador de rosca”, segundo o próprio deputado.