O jornalista Jean Pierre Delaume-Myard, criador do grupo francês “Manifestação para Todos” “Manif pour Tous”, que defende o casamento entre homens e mulheres apenas, é gay e revolta a militância com seu discurso cheio de homofobia internalizada. Delaume-Myard é contra o casamento gay, mesmo sendo homossexual. Ele discorda que a união civil homossexual tenha o mesmo status do matrimônio “natural”, defende a igreja, é contra a barriga de aluguel e ainda critica seus pares, principalmente os militantes, ao qual diz fazerem parte de um lobby gay.
Segundo seu ativismo, a homossexualidade não deve se transformar em um estado civil, ainda, que “lobby gay” se apropria do direito de representar os homossexuais enquanto não representa a vontade da maioria deles. Sentiu o discurso parecido com os políticos homofóbicos do Brasil? E o militante escreveu até um livro, “Não em meu nome, um homossexual contra o matrimõnio para todos” (Non nel Mio Nome – Um homosexuel contre le mariage pour tous).
“Toda criança tem, antes de tudo, a necessidade de um pai e de uma mãe para se realizar. Há uma grande diferença entre ter dois ‘papais’ ou duas ‘mamães’ e ter pai e mãe heterossexuais. A verdadeira igualdade tem sua única fonte no casal pai e mãe, o único incontestável. Pretender apagar este fato da natureza é negar a própria realidade. Todos devem a vida à igualdade homem-mulher”, disse o homem de 40 e tantos homens que lembra o que falava o deputado Clodovil e que a Direita adora citar como “exemplo de homossexual”.
Algumas frases dele podem até parecer verdadeiras, mas que em nada devem afetar aqueles que visam construir uma família verdadeira, no sentimento idêntico, e por fim com o mesmo direito, dos casais heterossexuais:
“A enorme instabilidade entre os casais do mesmo sexo, confirmada por numerosos estudos realizados nos países em que esse tipo de casamento foi legalizado, aponta que as consequências para a criança são especialmente o fracasso escolar, os problemas para a futura integração profissional e a estabilidade afetiva”.
“O recurso à ‘barriga de aluguel’ é inaceitável moralmente porque a mulher não é uma mercadoria contratável e a criança não pode ser utilizada como remédio afetivo para casais do mesmo sexo”.
“A ‘barriga de aluguel’ é uma violência radical, já que consiste em privar uma criança do seu direito inalienável às suas origens, do direito de conhecer o próprio pai e a própria mãe. Todos nascemos de um pai e de uma mãe. Que direito existe de privar disto uma criança?”
“O lobby gay não representa a totalidade dos homossexuais. Na Europa, ele tem influência em toda parte. A mídia prefere dar visibilidade a um homossexual do lobby LGBT em vez de ouvir um homossexual que não faz parte de um lobby. Se um homossexual não está de acordo com o lobby gay, ele é forçosamente manipulado, marginalizado e relegado. O lobby gay exerce uma ditadura insuportável e nos encerra numa categoria de ‘pessoas especiais’ no seio da humanidade. E isto, na prática, gera desigualdade”.
“Cada vez que me pronuncio publicamente, recebo mensagens abertamente hostis na minha página do Facebook: ‘Vamos tocar fogo em você’, ‘Traidor imundo’ etc”.
“A Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais é financiada com fundos da União Europeia e de governos como o norte-americano e o holandês. É um truste financeiro: recebeu, em 2012, 1,4 bilhão de euros”.
“O lobby gay está decidido a destruir, sem importarem os meios, as instituições do matrimônio e da família natural, com a ajuda de alguns lobbies feministas, como o grupo Femen, que não é o único”.
“A questão da ideologia de gênero está intimamente ligada à Procriação Medicamente Assistida e ao seu corolário, a gestação sub-rogada. Para nos fazer acreditar que um homem com um homem ou uma mulher com uma mulher podem ter um filho, eles nos impõem a ideologia de gênero”.
“O conceito de gênero é o instrumento de uma revolução antropológica e cultural em nossas sociedades pós-modernas em busca de identidade e igualdade”.
“Recentemente, lançamos na Europa uma campanha em favor do matrimônio homem-mulher e da filiação pai-mãe-filhos. Com espírito de esclarecimento, mas também de unidade, a iniciativa cidadã ‘Mum, Dad & Kids’ [‘Mamãe, Papai e Filhos’] propõe que a União Europeia adote uma definição do matrimônio e da família na legislação comunitária. A iniciativa foi apresentada oficialmente em Paris no dia 18 de abril”.
É uma visão ultrapassada, que evoca o discurso de que gays são menos cidadãos, que escolheram um caminho com pedras, que por serem minoria devem viver em subcondição de igualdade. Ainda, mistura vários fatos com apelo de teoria da conspiração, algumas inverdades, algumas verdades relativas, querendo dizer que homens e mulheres homossexuais não vivem em fraternidade, que são egoístas, manipulados e que não se portam como o resto da sociedade. Usa as crianças, não tem como não comover os outros falando de crianças. É a política do medo, da ignorância, dos rótulos.
Enfim, é um gay com sérios problemas de aceitação, que se julga melhor do que os outros, oportunista, que fez uma escolha de vida para si e que quer que os outros pensem e sejam como ele, enfim, um tirano amargo e disfarçado que encontrou uma oportunidade de continuar na mídia graças a seu discurso nefasto que encontra amparo exatamente nos inimigos.