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Polêmica: Peça Porno Gospel, assistimos e recomendamos

Redação Lado A 03 de Junho, 2016 13h56m

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O espetáculo Porno Gospel, em cartaz até Domingo no mini auditório do Teatro Guaíra, em Curitiba, despertou a ira dos evangélicos de cidade. Teve gente que achou desrespeito, que mexe com a fé alheia. Vereadores, deputados e crentes manifestaram contra a peça teatral. Nesta quarta-feira, o Conselho de Ministros Evangélicos entrou com uma ação civil pública contra o espetáculo na 24a Vara Civil. A discussão só aumentou o número de curiosos para conhecer o trabalho e as sessões estão lotadas.

Bem, fomos assistir espetáculo e o achamos super divertido. O melhor de rir é quando rimos de nós mesmos, mas tem gente que não sabe fazer isso. Cura gay, fé cega, hipocrisia moral, machismo, entre outros, são algum dos temas que são abordados no show. 
 

Obviamente, apesar de não falar o nome de Jesus, o espetáculo é referência aos evangélicos, com nomes como Holy Holla Christy, Pastor Jair Malagaia ou Nara Lira. Mas não se pode esquecer que é uma ficção. O espetáculo independente foi criado pelas companhias Fantástica Cia de Teatro, Serafim Cia. Teatral, Companhia de Variedades e Cia Variedades Produções Artísticas voltadas ao público GLS e com financiamento coletivo por meio de uma vaquinha na internet. O enredo é todo justificado com projeções de notícias de maracutaias e escândalos envolvendo evangélicos em um telão. Sim, é ficção mas não tão longe da realidade. 
 
O que pode chocar é a hilária personagem vivida magistralmente pelo ator Marvin HD, a cantora gospel Nara Lira. Ela simula sexo oral, anal, é possuída, tem um caso com o pastor, mas ironicamente é a personagem mais santa em cena, e tem a sua redenção. A cantora faz suas versões gospel de Madonna, Lady Gaga, entre outras, e que por incrível que pareça ficaram ótimas. Ela também ensina em seu show pela TV uma fiel a praticar o sexo “por trás”, pois a mulher deve servir o seu homem, ensina. Essa é uma das partes mais engraçadas da peça. Nara prospera depois de um casamento com um fazendeiro e também com sua exclusiva linha de produtos eróticos ungidos.
 
O ator Fernando Cardoso, vive o pastor Jair, um aproveitador canastrão, como muitos que vemos por aí. O ator, ele mesmo evangélico, lembra no final da peça que o espetáculo não tem intenção de tirar sarro ou generalizar, alertando que há bons e maus políticos e religiosos.
 
O enredo gira em volta de uma candidata a prefeita, Holy Hola Crystie, Partido Missionário, descontrolada, viciada, que odeia pobres e que não está nem aí para os refugiados que invadem a cidade de Paradise City. Ela conta com o apoio do pastor, de quem também é amante e de quem recebe financiamento para sua campanha. Obviamente o texto é exagerado, carregado de estereótipos, mas isso só faz lembrar que é um espetáculo de humor e ele cumpre o seu papel de divertir.
 
Mesmo que você seja evangélico fervoroso, o espetáculo não é ofensivo, a não ser que você ache mesmo que seu pastor é o representante do Senhor na Terra, que o dízimo é divino, que você não tem pecados, ou para quem só faz sexo para procriação. Bem, se você for um desses, não deve assistir mesmo. 
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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