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Precisamos acabar com os gritos de bicha nos estádios, nas ruas, nas escolas, em todos os lugares

Redação Lado A 22 de Agosto, 2016 14h52m

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Se os Jogos Olímpicos serviram para alguma coisa foi provar que a nossa torcida é, sim, mal educada e homofóbica. O caso das vaias e coros com a palavra “bicha” ainda doem na mente dos times que tiveram jogadoras ofendidas, principalmente as equipes dos Estados Unidos, Austrália e Suécia de futebol feminino e praticamente todos os goleiros de times adversários que jogaram contra o Brasil. As jogadoras amenizaram o feito dizendo que não acreditavam que aquilo partia de um espaço de preconceito, já o Comitê Olímpico nem se pronunciou. Portanto, cabe a nós erguermos nossas vozes para acabar com os gritos de bicha nos estádios. 
 
Uma organização britânica chamada “Just a Ball Game?” está pressionando o Comitê Olímpico Internacional e a Federação Internacional de Futebol para se posicionar contra essa prática e promover a segurança de atletas LGBTs em seus eventos esportivos. O perigo, quando esse tipo de ação ocorre não está apenas para o jogador, mas para todo o time, o técnico, a comissão técnica, o clube, os torcedores e todos os que se identificam com o esporte.
 
Essa atitude homofóbica provoca diversos efeitos negativos, como afastar os gays dos estádios, criar um estima da homossexualidade dentro dos clubes esportivos e até forçar os atletar LGBTs a permanecerem no armário. Isso é bastante comum com atletas, como aconteceu com Bruce Jenner, hoje Caitlyn Jenner, com o atleta de salto ornamental norte-americano Greg Louganis e o jogador de vôlei Michael, que perdeu espaço na liga brasileira por conta do preconceito que sofria da torcida durante os jogos.
 
De acordo com a organização, os gritos homofóbicos são uma questão cultural brasileira, que também faz parte de algumas outras culturas, principalmente na Europa. A responsabilidade dessa construção cultural está na mídia, na educação e na política, que são os principais formadores da representação da nossa identidade. É uma questão comparável ao racismo, que por muito tempo assolou os estádios no país, até que o Código Penal brasileiro e as entidades esportivas brasileiras passaram a penalizaram a torcida. Poderiam fazer o mesmo com a homofobia.
 
Dizer que chamar alguém de bicha é tolerável, quando há a intenção de ofensa, de diminuição de sua honra, é perigoso. Isto reverbera na sociedade e alimenta o preconceito. Nas escolas, crianças repetem a lição aprendida, crimes de cunho homofóbico e transfóbico se alimentam de atos como este e do discurso que homossexuais e transgêneros são alvos para risos e humilhações aceitáveis. Nenhum pai quer ter um filho “bicha”, e ensinam desde pequenos o filho a apontar a “bicha”, a não respeitá-la, a não ser assim.
 
Precisamos acabar com isso e uma das propostas é dizer “sim, sou bicha” (algum problema?) e se apropriar do termo. Este discurso de esquerda de empoderamento é interessante, mas nem todos se sentem a vontade com ele, até porque foram ensinados a rejeitar a “bicha”. O mais correto seria o respeito e o fim de se chamar alguém de bicha, um termo que remete a um tipo de “vermes” e todos os xingamentos e discursos que desumanizam o homossexual e as transgêneros, mas para isso precisamos primeiro mandar que se calem.
 
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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